O festival Criativos por Tradição recebeu um público interessado em arte e promoveu o debate sobre a urgência da valorização cultural da Amazônia através de exposição, seminários, oficinas e feira
No último mês de setembro, curadores, artesãos, designers, gestores e ativistas da Amazônia ocuparam o Centro Cultural São Paulo, na capital paulista, durante o Festival Criativos por Tradição. O evento promovido pela Artesol contou com uma programação diversa, incluindo uma exposição de objetos artesanais exclusivos, um seminário, oito diferentes oficinas de artesanato, além de uma grande feira em que o público pôde comprar peças diretamente dos artesãos de estados como Pará, Mato Grosso, Tocantins e Acre.
Contando com o patrocínio da Vale e apoio da Pernambucanas, o Festival recebeu ao todo cerca de 4.500 visitantes na exposição, além de 120 pessoas nas oficinas oferecidas entre os dias 17 e 18. A mostra contou com peças exclusivas desenvolvidas por designers contratados do Festival em parceria com os artesãos do território.
Nessas oficinas, os participantes puderam aprender a fazer a cerâmica ancestral tapajoara com os mestres artesãos da Amazônia, entalhar pássaros como o uirapuru em madeiras de miriti e criar acessórios multicoloridos com o látex artesanal produzido nos seringais do Acre, por exemplo.
“A gente precisa falar de Amazônia. É urgente. Não podemos ignorar o que está acontecendo no contexto da Amazônia Legal”, ressalta Mariana Campanatti, diretora artística do Festival. Para ela, a produção sustentável ligada ao artesanato garante que a floresta continue de pé e que as comunidades tradicionais continuem existindo e protegendo esse território.
Por isso, durante o seminário que integrou a programação do Festival, houve rodas de conversa entre gestores públicos, artesãos, designers e ativistas sobre a relevância econômica, cultural e social da produção artesanal da Amazônia.
“A Amazônia é mais que um tapete verde, os imensos rios e a biodiversidade. E é essa mensagem que a gente quis levar para o público. Para além da sua diversidade natural, a Amazônia tem saberes ancestrais e um patrimônio cultural riquíssimo que precisa ser conhecido e valorizado para ser preservado”, afirma Jô Masson, porta-voz da organização. Segundo a diretora, durante a programação do evento, o público demonstrou interesse não só pelos objetos da exposição, como pela história dos artesãos e suas comunidades. “As oficinas ficaram lotadas e a feira fez muito sucesso”, comemora.
“A gente fica muito feliz de vir pra São Paulo porque aqui o artista e a sua obra são valorizados”, afirma Jefferson Paiva, ceramista de Santarém (PA). “Além disso, foi muito interessante poder produzir as peças em parceria com um designer, porque ele levou o conhecimento técnico dele para se somar ao nosso conhecimento tradicional. Isso é muito bom, porque a cerâmica tapajônica embora seja histórica não é uma coisa do passado não. A gente continua produzindo e a gente fica muito feliz de poder inovar, de criar coisas novas”, complementa.
Nesse sentido, o foco do Festival é valorizar a diversidade dos artefatos criados na região que é resultado da experimentação de técnicas, formas, elementos naturais, símbolos e saberes ancestrais e contemporâneos ao mesmo tempo. “Além do valor cultural, um aspecto importante da produção do território é a questão da sustentabilidade, porque uma das grandes contribuições destas comunidades tradicionais para a nossa sociedade é o seu modelo de inter-relação com a natureza”, conta Sonia Quintella, presidente da Artesol.
Saiba mais:
Para quem não conseguiu prestigiar o evento, é possível conferir o tour virtual e participar de atividades online no site do Festival.
www.criativosportradicao.org.br
Artesol
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