A proposta é facilitar ativamente a colaboração e a sinergia entre os grupos participantes, à medida que progredirem juntos
A Wellcome Leap, organização sem fins lucrativos, com sede nos Estados Unidos, que financia projetos para acelerar inovações que beneficiem a saúde global, contemplou a Universidade de São Paulo (USP) e mais outras nove institutições acadêmicas para participarem do programa “Os primeiros 1000 dias: promovendo redes cerebrais saudáves”. A proposta é facilitar ativamente a colaboração e a sinergia entre os grupos participantes, à medida que progredirem juntos em direção às metas do programa.
O projeto da USP foi elaborado por pesquisadores de diferentes unidades, contou com coparticipações externas e tem como responsável principal, o Prof. Guilherme Vanoni Polanczyk, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. A próxima etapa será o início das pesquisas de campo, com prévisão de duração de três anos, prorrogável por mais um ano.
Background
Durante os primeiros 1000 dias de vida, são desenvolvidas habilidades cognitivas críticas a partir de influências genéticas, exposições ambientais e das experiências de cuidado e de estimulação que as crianças recebem. Funções executivas e linguagem são habilidades críticas para um desenvolvimento saudável. Muitos estudos mostram que o desempenho individual de funções executivas na infância muda as chances de lidar com sucesso com as oportunidades e obstáculos que enfrentam ao longo da vida. Funções executivas e linguagem bem desenvolvidas aumentam as chances de uma criança ter saúde física, neural e mental ao longo do desenvolvimento; reduz o ritmo de envelhecimento e sustenta uma maior produtividade e prosperidade. Por outro lado, déficits em funções executivas e linguagem na infância predizem inúmeros prejuízos comportamentais e emocionais ao longo da vida, incluindo transtornos mentais. Crianças com funções executivas subdesenvolvida aos 3 anos de idade representam cerca de 20% da população, mas constituem quase 80% dos adultos que provavelmente necessitarão de alguma forma de assistência social ou econômica.
O problema
Não existem métodos de triagem precoces, escalonáveis e precisos para prever resultados de funções executivas e linguagem, estratificar crianças de risco e prever respostas a intervenções nos primeiros 1000 dias. Assim, poderíamos ajudar a garantir uma vida saudável e produtiva para milhões em todo o mundo.
O projeto
Este projeto integra pesquisadores de diferentes disciplinas da USP e de instituições colaboradoras para monitorar amplamente e em detalhe o desenvolvimento de bebês e assim criar modelos de predição para funções executivas e linguagem aos 36 meses de vida.
O que será feito
Acompanharemos o desenvolvimento de 500 bebês desde o nascimento até os 36 meses de vida de forma muito ampla. Serão investigados o genoma completo das crianças e ao longo do tempo, o microbioma (através das fezes e do leite materno) e as mudanças epigenéticas que ocorrem. Ao mesmo tempo, será investigada a maturação cerebral através de eletroencefalograma e o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. As relações familiares, o cuidado materno e os estímulos que recebem também serão caracterizados ao longo de todo o tempo de acompanhamento.
O que buscamos alcançar
Caracterizando de forma detalhada o desenvolvimento em todos os níveis e desde o nascimento, buscaremos integrar todos os dados e assim, identificar modelos matemáticos para predizer boas habilidades de funções executivas e linguagem aos 36 meses de vida.
O projeto e o programa 1k Leap – https://wellcomeleap.org/1kd/
A Leap promoverá a integração dos 10 grupos de pesquisa internacionais financiados por este programa, todos focados no mesmo problema. Com essa possibilidade de colaboração, aumentaremos o tamanho da amostra, poderemos validar o modelo encontrado em nossa população em diferentes populações, e contaremos com a colaboração de especialistas em diferentes áreas. Assim, os dados gerados pelo nosso projeto assumem um potencial ainda maior de gerar inovações na área.
Pesquisadores Principais: Alline C Campos, Faculdade de Medicina da USP-RP; André Fujita, Instituto de Matemática e Estatística da USP; Carla R. Tadei, Faculdade de Ciências Farmacêuticas e Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP; Maria Rita P Bueno, Instituto de Biociências da USP; Patricia Cristina Baleeiro Beltrão Braga, Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Pesquisadores Associados: Ana C.V. Krepischi, Instituto de Biociências da USP; Alicia Matijasevich, Faculdade de Medicina da USP; Ana Claudia Mattiello Sverzut, Faculdade de Medicina USP-RP; André C. Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (São Carlos); Cláudia Regina Furquim de Andrade, Faculdade de Medicina da USP; Cristina S Bittencourt Bogsan, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP; Daniel Fatori, Faculdade de Medicina da USP; Debora Maria Befi Lopes, Faculdade de Medicina da USP; Dirce Maria Lobo Marchioni, Faculdade de Saúde Pública da USP; Elaine Grolla, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; Elizabeth Shephard, Faculdade de Medicina da USP; Fátima L. S. Nunes, Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP; Guilherme Yamamoto, Instituto de Biociências da USP; Helena Brentani, Faculdade de Medicina da USP; Ligia Ferreira Gomes, Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP; Linus Pauling Fascina, Hospital Israelita Albert Einstein; Marcelo Antunes Nolasco, Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP; Maria Teresa Bechere Fernandes, Faculdade de Medicina da USP; Mayana Zatz, Instituto de Biociências da USP; Michel Naslavsky, Instituto de Biociências da USP; Rogerio Lerner, Instituto de Psicologia da USP; Romy Schmidt Brock Zacharias, Hospital Israelita Albert Einstein; Luísa Zagne Braz, Hospital Municipal Vila Santa Catarina; Debora Douek, Instituto de Pesquisa Hospital Israelita Albert Einstein.
Instituição Principal: Universidade de São Paulo.
Instituições Colaboradoras: Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Municipal Santa Catarina.
Governo do Estado de São Paulo