Por Rafael Viana*
O uso da Inteligência Artificial (IA) nas campanhas de ‘e-mail marketing’ tem se mostrado uma excelente oportunidade para as empresas melhorarem seus programas de e-mail. Por meio dessa tecnologia, muitas marcas estão obtendo sucesso em um objetivo primordial para qualquer negócio: encontrar as melhores maneiras de alcançar seu público-alvo. E, nesse ponto, a IA se mostra uma ferramenta poderosa para melhorar processos e aumentar a eficiência.
Mas, para isso, é importante que os gestores entendam quais são os obstáculos que precisam ser superados para obter os melhores resultados. O primeiro ponto a ser considerado pelas empresas diz respeito à personificação. Afinal, a Inteligência Artificial ainda não sabe tudo, mas já é capaz de mapear o que os clientes fizeram, o que eles disseram que gostam (e não gostam), seu comportamento e até mesmo a hora em que preferem receber e-mails ou ver promoções.
Com essas informações preciosas, cabe à empresa personalizar a sua mensagem de tal forma que consiga estabelecer uma conexão quase de amigo com seu cliente.
Outro ponto importante em que a IA pode auxiliar os profissionais de marketing diz respeito às listas segmentadas de disparo. O processo geralmente consome tempo e é passível de erros humanos. Com a Inteligência Artificial, as equipes encarregadas pela estratégia por trás do envio podem segmentar listas usando atributos mais específicos, como o histórico de compras e interesses. Isso permite que se enviem e-mails mais direcionados, aumentando as taxas de abertura e suas conversões.
Mais de 60% das empresas estão usando Inteligência Artificial para realizar pesquisas ou testes e depois escrever conteúdo com base nos resultados. Isso permite que os profissionais de marketing personalizem o conteúdo para diferentes públicos.
No passado, os gestores se limitavam a enviar e-mails com uma linha de assunto genérica, esperando que chamassem a atenção do destinatário. Agora que a IA está sendo usada para analisar dados de clientes e fazer previsões, pode-se não apenas personalizar as campanhas de e-mail, mas também otimizar as chances de as mensagens serem abertas.
Quando se trata de analisar dados de desempenho, o setor de marketing enfrenta um desafio significativo: embora o volume de dados gerados por campanhas e comportamento do cliente tenha crescido muito nos últimos anos, os ‘insights’ que podem ser derivados desses dados ainda são muito limitados. É aqui que a IA pode desempenhar um importante papel.
A Inteligência Artificial segue o mesmo princípio do cérebro humano: aprende a reconhecer padrões e assimila descobertas. Para isso, deve ser treinada usando métodos estatísticos. O pré-requisito para treinar esses algoritmos é que eles tenham acesso ao máximo de dados possível. Somente assim poderão distinguir entre informações significativas e irrelevantes, gerando conclusões precisas sobre o comportamento do cliente e a resposta à campanha.
Como já afirmei, a Inteligência Artificial é uma ferramenta poderosa para melhorar processos e aumentar a eficiência, mas não é isenta de desafios. Existem obstáculos que as organizações devem estar cientes antes de implementá-la.
Um exemplo se refere à qualidade dos dados. De acordo com as estimativas atuais, geramos mais de 1,1 trilhão de megabytes de dados todos os dias. Tais informações de uma organização podem ser imprecisas ou incompletas, o que pode levar a algoritmos defeituosos ou tendenciosos. As organizações geralmente descobrem que a forma como os dados são armazenados no banco de dados dificultam o acesso às informações de que precisam em um único local. Ou seja, talvez seja preciso primeiro limpar os dados da infraestrutura de CRM antes de usá-los para treinar modelos de IA.
Além dos dados, outro problema pode estar na falta de qualificação das equipes. Muitas empresas não têm funcionários com as habilidades necessárias para desenvolver e implantar esses sistemas. Elas podem ter que contratar consultores para preencher essa lacuna, mesmo que temporariamente, ou enviar funcionários para programas de treinamento onde possam aprender essas novas técnicas.
A IA ainda é uma indústria nova e em crescimento, então ainda não há muitos regulamentos em torno dela. No entanto, as diretrizes que a cercam provavelmente se tornarão mais rígidas nos próximos anos. Desde 2017, mais de 60 países adotaram algum tipo de política de inteligência artificial.
Assim, diante do potencial que a Inteligência Artificial apresenta é inegável que ela deve ser contemplada nos projetos de curto e longo prazo das marcas, mas é igualmente relevante que as empresas se preparem também para seus futuros requisitos regulatórios.
*Rafael Viana é estrategista de E-mail sênior da Validity