A greve de motoristas e cobradores de ônibus retomada na madrugada desta quarta (29) em São Paulo afeta 675 linhas diurnas e 6.008 ônibus, que transportariam 1,5 milhão de passageiros no pico da manhã, segundo balanço divulgado pela SPTrans.
Durante a madrugada, 88 linhas noturnas, de um total de 150, não operaram. A partir das 4h, a operação em todas as garagens dos grupos estrutural e de articulação regional foi interrompida, exceto na Express, na zona leste.
O rodízio municipal de veículos está suspenso. Carros com placas com final 5 e 6 podem circular. Faixas exclusivas e corredores de ônibus também estão liberados enquanto durar a greve.
Duas semanas depois de pararem parte do transporte coletivo na cidade, motoristas e cobradores de ônibus anunciaram a nova paralisação, de 24 horas. A categoria reivindica hora de almoço remunerada e pagamento de Plano de Lucros e Resultados (PLR).
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, lamenta a paralisação de linhas de ônibus municipais e espera que trabalhadores e empresários cheguem em breve a um acordo para que a população de São Paulo não seja ainda mais penalizada”, diz nota da SPTrans.
Em entrevista à TV Band, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pediu bom senso ao sindicato e chamou a greve de irresponsabilidade. “Vai causar muitos transtornos para as pessoas”, afirmou.
O reajuste nos salários, segundo afirmou o prefeito no último dia 14, impacta diretamente no subsídio pago pela prefeitura. No ano passado, o valor gasto foi de R$ 3,3 bilhões, mas Nunes admite que vai subir, principalmente porque o município não reajusta a passagem desde janeiro de 2020 -atualmente o preço está em R$ 4,40 e a SPTrans calcula, que sem aumento no subsídio, o valor teria de subir para cerca de R$ 7,40.
A greve desta quarta foi aprovada durante assembleia comandada na tarde de terça (28) pelo SindMotoristas, o sindicato da categoria.
Em nota, o sindicato disse que mais de 6.000 pessoas participaram da assembleia, na sede da instituição, na Liberdade, região central da cidade.
No dia 31 de maio, a SPTrans obteve decisão liminar na Justiça do Trabalho que determina a manutenção de 80% da frota operando nos horários de pico e 60% nos demais horários, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
“A SPTrans irá solicitar à Justiça a cobrança desta multa, além de autuar as empresas pelo não cumprimento das viagens”, afirma a nota sobre a greve.
No último dia 14, motoristas e cobradores paralisaram por cerca de 16 horas os ônibus estruturais, que são aqueles que ligam bairros aos grandes corredores e região central. Ao todo, 6.500 veículos de 713 linhas deixaram de circular, afetando 1,5 milhão de pessoas, segundo SPTrans, estatal ligada à prefeitura.
A greve só foi suspensa após a categoria conseguir 12,47% de reajuste nos salários, retroativo a maio. Mas não houve resposta a outras reivindicações, como a hora de almoço remunerada.
Fonte: Folha de S. Paulo