Tecnologia de Informações Geográficas oferece dados de satélites e pode ser utilizada para análises, planejamento urbano e monitoramento de áreas de risco
A chegada do verão trouxe chuvas intensas que vêm sendo acompanhada por um alto número de desastres naturais, como deslizamentos de terra, enchentes e alagamentos. Em São Paulo, as alterações climáticas deixaram 1.546 famílias desabrigadas ou desalojadas, e contabilizou 27 mortes, além de 8 desaparecidos. No total, 27 municípios foram afetados, entre eles Franco da Rocha, Francisco Morato, Embu das Artes, Arujá, Várzea Paulista e Ribeirão Preto. Segundo o governo do estado, serão liberados R$ 15 milhões para os dez municípios mais prejudicados pelas chuvas.
O crescimento populacional acelerado nessas regiões ocasiona na ocupação das áreas de risco que estão sujeitas a sofrer com deslizamentos e enchentes, mas não é a única causa das tragédias. A ocupação de encostas de morros, margens de rios e córregos também acontece pela falta de planejamento urbano e o número de pessoas de baixa renda, que vêm tendo um aumento nos últimos anos com o cenário econômico do país e não é acompanhado pelo poder público.
“É preciso entender as causas e consequências dos acidentes que vêm ocorrendo para atuar na mitigação dos impactos com as ferramentas necessárias. Atualmente existem tecnologias capazes de oferecer monitoramento e análises para criar um melhor planejamento urbano, localizar áreas de risco e captar modelos climáticos, o que ajuda a prever e evitar desastres naturais e propiciar proteção à eventuais ocorrências”, conta Daniel Henrique Candido, Doutor em Análise Ambiental e Dinâmica Territorial e especialista em Recursos Naturais da Imagem Geosistemas, distribuidora oficial da Esri no Brasil.
É o caso da tecnologia GIS (Sistema de Informações Geográficas), que é capaz de atuar como um hub de informações e retirar dados de diferentes fontes, possibilitando o estudo de todos os elementos do local. As análises e monitoramentos são feitos através de imagens de alta resolução de satélites, radares orbitais e equipamentos de medição de calor e posicionamento. Além de reduzir os riscos e aumentar a segurança da população, a tecnologia também pode auxiliar o governo na tomada de decisões e evitar paralisações e altos prejuízos financeiros.
“Para prevenir as inundações e os deslizamentos de terra, ao ter conhecimento detalhado das regiões que podem ser afetadas, os planejadores podem direcionar o crescimento do município, evitando a ocupação de áreas de risco de modo que a expansão urbana ocorra sem que haja decréscimo à qualidade de vida da população”, explica Daniel Henrique. Já no caso dos desastres já ocorridos, o uso de informações geográficas pode facilitar a atuação dos órgãos de Defesa Civil visando minimizar e evitar perdas de vidas humanas.
Portanto, é possível notar que o uso de novas tecnologias como solução para a prevenção e compreensão de recorrências naturais é de extrema importância, e, ainda que necessite de um investimento maior, acaba se revertendo em uma economia a médio e longo prazo. É o que foi levantado até mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2019, visto que para cada dólar investido em prevenção de desastres, há uma economia de seis dólares que seriam gastos futuramente em ações de reparação dos danos decorrentes do problema.