Compacto deve se juntar ao Peugeot 208, C3 e Opel Corsa ao compartilhar plataforma CMP que dará origem a um modelo com versões híbridas
Primo rico do Palio, o Punto significou o ponto de inflexão da Fiat em sua recuperação no mercado em 2005. Foi naquele ano que a montadora italiana revelou a terceira geração do hatch compacto, concebida pelo estúdio Giugiaro em um momento inspirado.
Então chamado de “Grande Punto”, o modelo marcou um renascimento da marca após anos de prejuízos na Europa. Tempos depois, a empresa lançou a versão moderna do 500 e em 2009 passou a ser sócia da Chrysler, que mais tarde deu origem à FCA.
Em meio a esse processo, no entanto, o Punto ficou esquecido. A Fiat chegou a planejar uma quarta geração, mas que foi abortada pela direção da empresa. Em 2018, de forma melancólica, a fabricante encerrou a produção do hatchback na Europa sem um sucessor.
Nesta semana, no entanto, durante apresentação dos resultados do primeiro semestre, a Stellantis, holding criada com a fusão entre FCA e a PSA, revelou que a Fiat voltará a atuar no chamado segmento B, de compactos.
A citação é curta, apenas afirmando que a marca “voltará ao Segmento B em 2023” e que o veículo em questão usará uma plataforma comum.
Traduzindo, certamente se trata da repetição da receita usada na atual geração do Opel Corsa, qual seja adotar a arquitetura CMP originada no Peugeot 208 e replicada no Citroën C3.
Trata-se de uma solução natural dentro da estratégia do grupo, de replicar a mesma solução mecânica e eletrônica em várias marcas a fim de diluir os custos de desenvolvimento e produção. Nesse cenário, não haveria por que não incluir a Fiat nos planos.
Ao utilizar essa arquitetura, será possível contar com versões híbridas, algo imprescindível no mercado europeu. Quanto ao estilo do novo carro, pode-se esperar um hatch compacto tradicional, e que ainda possui apelo no Velho Continente, ou então algum crossover urbano, por exemplo (na foto de abertura mostramos o releitura do Punto pelo colaborador Kleber Silva).
Para a montadora italiana será um alívio já que a marca tem hoje um portfólio bastante modesto na Europa, centrado no Fiat 500 e alguns derivados como a van 500L e o SUV 500X, o Panda e o hatch médio Tipo. Ou seja, muito pouco para um nome bastante conhecido no mercado.
Resta saber se a Fiat de fato fará o nome “Punto” renascer. O modelo surgiu em 1993 como sucessor do Uno e teve uma segunda geração lançada em 1999, ambos sem provocar grandes resultados até a chegada do Grande Punto.
E no Brasil?
Desde 1996, a Fiat brasileira acabou se descolando da Itália ao projetar por aqui o Palio e sua família. Após uma renovação pouco inspirada em 2011, a montadora decidiu começar do zero com o Argo em 2017.
A questão agora é que a Stellantis vislumbra unificar todos os modelos de suas inúmeras marcas sobre arquiteturas compartilhadas e certamente isso não será diferente com o sucessor do Argo.
Por melhor que o hatch compacto possa ser – e ele inclusive vive seu melhor momento de vendas -, fato é que sua base técnica não é comparável à CMP e isso leva a crer que num futuro a médio prazo surja um substituto derivado dessa mesma plataforma oriunda da PSA.
Se ele se chamará Punto, Argo ou qualquer outro nome, isso só o tempo dirá.
Fonte: www.autoo.com.br