Esporte global é movido a dinheiro. Federações buscam preservar a distribuição das receitas e criar um bom espetáculo para a TV
Oesporte global é movido a dinheiro. As principais somas costumam vir dos patrocinadores; uma parte menor, dos governos, especialmente do país-sede de um evento.
O Comitê Olímpico Internacional é o principal vetor de distribuição de recursos. Essa mecânica acontece por 2 motivos: primeiro porque o COI é o maior captador, graças à venda dos direitos de transmissão para a TV; segundo, porque a sua missão é proteger e promover o movimento olímpico internacional.
Na prática, os Jogos Olímpicos são um grande encontro de tribos, comunidades. Tem a tribo do surfe, do skate, da natação, do atletismo… temos também as tribos nacionais: brasileiros, suíços, chineses, alemães… Estes 2 grupos de tribos, esportivas e nacionais, formam os 2 pilares do mundo Olímpico. De um lado as federações internacionais de cada esporte e do outro os comitês olímpicos de cada país. Vale lembrar aqui, e agora, que o Comitê Olímpico internacional tem mais países filiados do que as ONU.
Falando nos grandes números da distribuição de recursos no esporte, a 1ª informação vem de baixo. O COI entrega US$ 3,4 milhões por dia para comitês olímpicos nacionais aplicarem na promoção do esporte em diferentes países. Foram cerca de US$ 150 milhões só no ciclo olímpico de Tóquio 2020. Para as Federações internacionais, o COI repassou US$ 100 milhões só no esforço de combate à pandemia.
Com tanto dinheiro em vista, é de se esperar um esforço concentrado das federações internacionais para receber cada vez mais. O grande termômetro dessa feira de dólares é o interesse teórico do público e explícito das redes de televisão. São as TVs que estabelecem o horário de cada evento e o espaço que cada esporte terá na telinha.
A natação em Tóquio é um bom exemplo. Todos já sabem que os recordes não têm aparecido no Japão porque as finais são disputadas pela manhã, um horário ruim para os atletas. Mesmo assim, trata-se do melhor horário possível para as redes de TV, especialmente dos EUA. Então a regra fica clara: os atletas têm que acordar cedo, se preparar rápido e nadar muito antes do almoço.
O esforço das federações internacionais se concentra em preparar o melhor espetáculo para a TV. Nos jogos do Rio-2016, a Federação Internacional de Remo preferiu uma instalação com menos capacidade de público, menos ingressos, só para desfrutar do cenário televisivo da Lagoa Rodrigo de Freitas, considerada por todos como a raia de remo mais linda do mundo. O mesmo aconteceu com a canoagem slalon, que não aceitou a hipótese de sediar as suas competições em Foz do Iguaçu, onde havia uma instalação compatível e de maior público, para ficar em Deodoro.
O COI distribui 90% de suas receitas de marketing. Em Tóquio, US$ 590 milhões serão entregues às 28 federações internacionais. Que são divididas de acordo com sua história, presença global e número de participantes. A entrada de novos esportes, como skate e surfe, não afeta a distribuição geral, já que as federações já olímpicas só aceitaram a inclusão de novos colegas com a condição de que as federações estreantes não recebessem nenhum centavo da distribuição de lucros. Para vetar os colegas, elas usaram a pressão política e os votos que elas controlam indiretamente nas eleições internas do COI.
divisão das receitas de marketing dos Jogos de Tóquio
por grupos de federações (US$ por modalidade)
grupo da federação | modalidades | quantia |
---|---|---|
A | atletismo, ginástica e esportes aquáticos | US$ 40 milhões cada |
B | basquete, futebol, vôlei, tênis e ciclismo | US$ 25,95 milhões cada |
C | boxe, badminton, remo, judô, tiro, tênis de mesa, levantamento de peso, tiro ao arco | US$ 18,6 milhões cada |
D | equitação, esgrima, hóquei, canoagem, handebol, triatlo, luta, vela e taekwondo | US$ 16,3 milhões cada |
E | golfe, pentatlo moderno, rugby | US$ 14,1 milhões cada |
Fonte: www.poder360.com.br