Quem busca uma peça-chave comercial com apelo de roupa colecionável para lançar, vai se identificar completamente com o retorno das saias mídi. No Verão 2022, ela será presença unânime nas coleções. Em compensação, haverá uma espécie de ausência de consenso quanto ao estilo. Pura estratégia, pois a temporada pede leituras tão criativas e diversificadas quanto o público que a inspira.
Resumindo: se outras apostas da temporada como a bermuda e o cut-off pedem ponderação na intensidade com que são interpretadas; as saias mídi exigem o inverso. Nelas, é preciso ousar com inventividade.
IRO e Bershka
Para cumprir essa demanda pelo ineditismo, a maioria das marcas está apelando para o efeito emocional da nostalgia, e transformando a saia mídi em um revival de bainhas e volumes que deixaram saudade.
As inspirações do passado começam pelo mood libertador dos anos 70, revisitado para referenciar as coleções com apelo boho, romântico e sonhador. Referências podem ser vistas no estilo camponesa lançado por Ulla Johnson, ou ainda na interpretação exótica permeada por patches de Dolce & Gabbana. Drapeados, cintura godê e manualidades fazem parte desta inspiração.
A mesma década vem girando com boas vendas no e-commerce em uma leitura mais versátil, definida pelo formato reto e evasé: exemplo de Liu Jo, Ganni e Pepe Jeans. Nestes moldes, a saia mídi resgata elementos delicados como o laço na cintura e o abotoamento frontal.
É um mix que consegue transitar da ocasião passeio ao ar livre até o momento profissional e é mais voltado às marcas com perfil essencial que priorizam conforto. Nestas, é importante atentar para a relevância do branco natural, e da oferta da peça em combos.
Já os anos 80, encontram referência nos modelos sequinhos porém trabalhados em recortes de Isabel Marant e Iro – ambos pontuados pela lavagem ácida. São silhuetas maduras e empoderadas, que transitam do momento sério ao visual pronto para sedução. É um mix pertinente tanto para a jovem urbana quanto para a mulher experiente com postura jovem. São peças que vestem desde o momento noite e sedução, se acompanhadas de um top glamoroso; até a demanda mais corriqueira, seja de botas ou scarpins.
A mesma década proporciona referências volumosas, como o formato balonê, sugerido para a produção agênera de Vaquera. Também a bainha rodada mullet (mais curta na frente e longa atrás), proposta por Alexander McQueen. Nestes modelos de retrô mais intenso, o status de roupa de coleção se consolida como proposta principal. Nada que os impeça de abrilhantar um look para ocasião especial, ou mesmo cumprir a função de roupa de vanguarda em uma produção de tênis e t-shirt.
A saia mídi também se diversifica ao mergulhar na tendência das fendas e das bainhas desfeitas. É quando revela seu lado mais glamoroso e sedutor: quanto maior a abertura e mais longo o comprimento, maior é a investida do modelo na vaidade feminina. Serão peças com vocação para ganhar valor afetivo, já que são voltadas para looks de ocasiões especiais. Para obter referências, basta apreciar as peças de Givenchy.
Modelos assimétricos e desconstruído são os mais esportivos, feitos para dialogar com moletom e até roupa atlética. Dedicados ao perfil teenager, ao look streetwear, e ao público maduro com postura aventureira, são as peças mais trabalhadas da estação que se diferenciam pelo rebuscado trabalho de modelagem. Transpasses, braguilhas transversais, fechos aparentes, black denim e fendas geométricas são algumas características dos modelos de saia denim que seguem esse estilo. Nesse perfil, a Diesel é a referência mais esclarecedora.
Nossa galeria reúne imagens inspiradoras. Mas não deve ser limite, e sim encorajamento para criação. Além dos exemplos mencionados, a grande sacada é pensar em algo que ainda não foi criado.
Que tal um formato sereia com pegada esportiva para compor um look tênis. Ou um estilo tulipa para definir os contornos de uma saia mídi com pegada zen, levando o conforto do tencel na composição.
Babados em comprimentos pouco explorados, estética upcycling, formato envelope, aspecto de jardineira: são todas ideias que podem e devem referenciar as coleções para novas e irrecusáveis fisionomias.