Fabricante da CoronaVac diz que Instituto Butantan é o único parceiro da empresa no Brasil

Fabricante da CoronaVac diz que Instituto Butantan é o único parceiro da empresa no Brasil

Sinovac divulgou nota após publicação de vídeo em que ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello aparece com supostos intermediários da vacina contra a Covid-19. CPI apura o caso

A empresa chinesa Sinovac, que desenvolveu a vacina CoronaVac contra a Covid-19, divulgou uma nota de esclarecimento em que afirma que o Instituto Butantan é o único parceiro da companhia no Brasil.

Na última sexta-feira (16), o jornal “Folha de S.Paulo” publicou vídeo que mostra o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello com supostos negociadores de vacinas, no dia 11 de março. Na gravação, Pazuello diz que recebeu uma “comitiva” que procurou a pasta para tratar da compra, pelo governo, de 30 milhões de doses.

De acordo com apurações da CPI da Covid, os intermediários que aparecem nas imagens representam uma empresa de Santa Catarina, a World Brands. Conforme o jornal “Folha de S.Paulo”, a World Brands negociou com o Ministério da Saúde doses da CoronaVac pelo triplo do preço cobrado pelo Instituto Butantan.

Neste sábado (17), a Sinovac divulgou nota em que diz que só o Butantan pode comprar a CoronaVac no Brasil.

“Esclarecemos que a vacina Covid-19 CoronaVac é desenvolvida, fabricada e distribuída pela Sinovac Life Sciences. No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode adquirir a CoronaVac. Temos trabalhado muito com o Instituto Butantan para fornecer vacinas a preços acessíveis para o povo brasileiro”, diz trecho do documento da Sinovac.

A nota da empresa chinesa diz também que qualquer informação divulgada por outra companhia sem autorização da Sinovac “não tem valor legal”. Ainda segundo o documento, é falsa a informação de que a World Brands possa comprar o imunizante da Sinovac.

A empresa World Brands Distribuição tem sede em Itajaí (SC) e está em nome de Jaime José Tomaselli. Segundo a “Folha de S. Paulo”, a World Brands ofereceu 30 milhões de doses da vacina CoronaVac por US$ 28 a dose. A negociação com a World Brands ocorreu mesmo após o governo fechar contrato com o Butantan, no começo deste ano, para comprar 100 milhões de doses da CoronaVac por US$ 10 a dose.

À TV Globo, Dimas Covas, diretor do Butantan, disse que alertou Pazuello, o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco e técnicos da pasta de que o Butantan era o único parceiro da Sinovac no Brasil.

A cúpula da CPI da Covid vai reconvocar Pazuello para apurar o acesso rápido de empresas e organizações desconhecidas ao comando do Ministério da Saúde com promessas de vacinas, enquanto negociações com multinacionais, como a Pfizer, arrastaram-se por meses.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou que o novo depoimento de Pazuello deve ser marcado para o fim de agosto ou início de setembro.

Na última sexta-feira, a Secretaria de Comunicação do governo divulgou nota em nome de Pazuello. O documento afirma que o ex-ministro “em momento algum negociou aquisição de vacinas com empresários”.

Em maio, antes de o vídeo com intermediários de vacinas vir à tona, Pazuello afirmou à CPI da Covid: “Eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo. Não é o ministro. Ministro jamais deve receber uma empresa.”

Notas falsas

O dono da empresa World Brands já foi condenado na Justiça por emitir notas falsas para burlar a fiscalização de produtos. A informação foi publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmada pela TV Globo.

Em maio de 2014, a Justiça Federal condenou Jaime José Tomaselli por participar de fraudes em importação de produtos.

Segundo a decisão do juiz Marcelo Micheloti, notas fiscais de importação de carrinhos de controle remoto, embalagens em cartela de papel com plástico e lâmpadas fluorescentes eram falsamente emitidas em nome de uma das empresas de Jaime, a Marfim.

A pena de um ano e seis meses de prisão foi convertida em multas e prestação de serviços comunitários. A condenação não impede que ele atue em comércio exterior.

Fonte: G1

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