Presidente dos EUA quer estender acordo, que vence no próximo dia 5 de fevereiro, até 2026, diz porta-voz
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs à Rússia uma ampliação de cinco anos do último tratado de desarmamento em vigor entre as duas potências nucleares, o Novo Start, que expira em 5 de fevereiro, disse nesta quinta-feira (21) a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.
“O presidente deixou claro durante muito tempo que o Novo Start é do interesse nacional dos EUA. E esta extensão faz ainda mais sentido quando a relação com a Rússia é antagônica, como ocorre neste momento”, disse Psaki.
A porta-voz explicou que enquanto Biden quer trabalhar com o Kremlin para estender o tratado, a Rússia também deve “ser responsabilizada por suas ações imprudentes e conflituosas”.
Portanto, o novo presidente dos EUA pediu às agências de inteligência que fizessem uma avaliação completa da suposta interferência de Moscou nas eleições americanas de novembro do ano passado, o uso de armas químicas contra o opositor russo Alexei Navalny e recompensas russas ao Talibã em troca da morte de soldados americanos no Afeganistão.
Psaki não detalhou quando a comunidade de inteligência entregará a avaliação desses atos a Biden, nem revelou que tipo de ações o presidente dos Estados Unidos poderia tomar contra a Rússia.
Extensão por 5 anos
Quanto ao Novo Start, Biden teve a opção, assim como seu antecessor, Donald Trump, de buscar uma solução temporária para o tratado e prorrogá-lo por um curto período de tempo, mas defendeu a prorrogação por cinco anos, ou seja, até 2026, como estabelecido no pacto quando foi assinado em 2010.
Nesta semana, o Kremlin já havia dito que continuava empenhado em estender o Novo Start por cinco anos e esperava “propostas concretas” de Biden, que tomou posse ontem.
Nos últimos meses, o governo do ex-presidente Donald Trump tentou, sem sucesso, encontrar uma solução temporária e prorrogar o pacto por um curto período, mas nenhum acordo se materializou com o presidente russo Vladimir Putin, que em outubro tinha proposto uma prorrogação de um ano.
O principal ponto de atrito entre as duas potências foi a insistência do governo Trump de que a China fizesse parte das negociações, apesar da recusa do gigante asiático em se sentar à mesa de negociações, alegando que tem muito menos armas nucleares do que Washington e Moscou.
A Rússia, por sua vez, argumentou que a França e o Reino Unido, as outras duas potências nucleares declaradas membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, deveriam ser incluídas em qualquer caso.
O Novo Start limita o número de armas nucleares estratégicas, com um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas balísticos para cada uma das duas potências, em terra, no mar ou no ar.
Especialistas temem que a expiração do Novo Start leve a uma nova corrida armamentista nuclear, pois pela primeira vez desde 1972 não haveria um acordo de controle de armas nucleares em vigor entre as duas maiores potências nucleares do mundo.