Para Andrew Bailey, presidente do Banco da Inglaterra, criptomoedas não tem valor intrínseco e investidores devem tomar cuidado
O presidente do banco central do Reino Unido, Andrew Bailey, afirmou nesta última quinta-feira (06) que as criptomoedas “não têm valor intrínseco” e que investidores precisam estar dispostos a “perder todo seu dinheiro” para entrar nesse mercado. Os comentários foram feitos durante uma coletiva de imprensa, quando um jornalista questionou se o Banco da Inglaterra (BoE) estava preocupado com as enormes oscilações observadas nos preços das principais moedas digitais nos últimos meses.
“Receio que elas (criptomoedas) não tenham valor intrínseco”, respondeu Bailey ao jornalista. “Porém, isso não quer dizer que as pessoas não atribuam valor a elas, porque podem ter valor extrínseco”. Ele se refere à natureza especulativa de criptoativos como o bitcoin (BTC) e dogecoin (DOGE), que sofrem grandes variações diariamente.
“Portanto, vou dizer isso de forma muito direta novamente: compre-os apenas se você estiver preparado para perder todo o seu dinheiro”, concluiu Bailey. O Banco da Inglaterra e autoridades do mundo todo vem demonstrando uma grande preocupação com o mercado de criptomoedas que possivelmente ameaçaria a estabilidade financeira.
Governos temem bolha especulativa como em 2017
O temor é que aconteça algo parecido com 2017, ano no qual o bitcoin (BTC) saiu de menos de US$ 1.000 e atingiu pela primeira vez o recorde de US$ 20.000, porém despencou cerca de 75% pouco tempo depois. A criptomoeda só foi capaz de superar novamente essa máxima no final de 2020. Agora, o ativo opera com mais de 100% de valorização acumulada neste ano, fazendo governos acreditarem que existe uma potencial bolha especulativa.
Porém, há grandes diferenças entre 2017 e 2021. Neste ano, muitas empresas fizeram aportes milionários em bitcoin e ether, as duas principais criptomoedas que estão cada vez mais populares entre investidores institucionais. A compra de US$ 1,5 bilhão em BTC feita pela Tesla em janeiro e a de US$ 1 bilhão da Microstrategy em fevereiro são grandes exemplos da legitimação nos investimentos em ativos digitais.
O sistema financeiro tradicional também está integrando cada vez mais as criptomoedas. A Visa e Mastercard já começaram a processar pagamentos e a permitir negociação de moedas digitais em seus serviços, enquanto o PayPal não para de anunciar novidades cripto.
Em abril, a Coinbase, a maior exchange de criptomoedas dos Estados Unidos, abriu o capital e se tornou a primeira empresa do setor a ser negociada na bolsa de valores Nasdaq. Dito isso o mercado se encontra muito mais consolidado e maduro, porém inevitavelmente segue sujeito a flutuações de preço.
BoE vem observando “cuidadosamente” as criptomoedas
Quando toda essa onda de valorização começou no final do ano passado, as criptomoedas começaram a ganhar espaço nos noticiários do mundo todo. Em fevereiro, logo após as compras em massa organizadas no Reddit e pelo grupo WallStreetBets causarem uma drástica alta no dogecoin (DOGE) e nas ações da GameStop, Bailey afirmou que estava observando “cuidadosamente” esse boom.
Ele repetiu a mesma frase nesta última quinta-feira: “Os mercados são algo que observamos com muito cuidado”. Bailey afirmou que as negociações de criptomoedas e os investimentos no varejo são da competência do Comitê de Política Financeira (FPC) do Banco da Inglaterra, que apresentará seu próximo relatório em junho.
“Houve uma série de desenvolvimentos nos últimos meses”, disse Bailey. “Eu não diria que nenhum deles (criptoativos), por si só, deveria ser considerado um risco para a estabilidade financeira, mas o FPC estará analisando com muito cuidado o conjunto das evidências.”
Fonte: Tecnoblog.net