Localizado na Fazenda Cravinhos, espaço abre a partir de 11 de fevereiro, com visitas agendadas. Roteiro inclui passeio aos vinhedos, almoço, degustação de vinhos e outras experiências junto à natureza nos caminhos das flores, das ervas e das águas
A partir de 11 de fevereiro, a região de Ribeirão Preto (SP) passa a contar com uma nova opção de turismo enogastronômico: a Vinícola Biagi. Localizada na Fazenda Cravinhos (distante 20 km de Ribeirão), o projeto teve início em 2019, após o proprietário da fazenda, o empresário Luiz Biagi, visitar outras vinícolas no interior de São Paulo e se convencer de que aquela região era propícia para a produção de uvas viníferas.
A altitude de Cravinhos, acima de 800 metros, e a grande amplitude térmica, com dias mais quentes e noites mais frias, chegando até 20 graus em alguns períodos, é um dos pontos fortes do local para o sucesso da produção. “Minha inspiração para esta iniciativa veio do amigo Paulo Brito, da vinícola Guaspari. Ao visitar o local sai encantado com o projeto, mas ao mesmo tempo com a sensação de ser inatingível na nossa região. Dois anos depois, visitei a Vinícola Marquese di Ivrea, do também amigo Beto Lorenzato, que me incentivou a investir nessa atividade, mostrando a sua viabilidade ao me oferecer as mudas das uvas, orientação técnica, acompanhamento e mostrar a vantagem da amplitude térmica da região”, explica Luiz.
Luiz passou a estudar mais sobre o assunto e decidiu tirar o projeto do papel. Outra motivação que o levou a isso foi a questão histórica de sua família. “Meu avô Pedro Biagi chegou ao Brasil, vindo da região de Veneto na Itália em janeiro de 1888, pelo navio Adria. Nossa família desde essa época trabalhava com vinhedos, sendo que até hoje alguns descendentes ainda trabalham nessa atividade. Foi uma forma de prestar uma homenagem a essas pessoas que vieram para cá com tanto sofrimento e se desenvolveram aqui nesse Brasil tão acolhedor. Por esse motivo também que escolhi adquirir material genético de uvas italianas”, afirma.
Inicialmente foram plantados 12 hectares das uvas Moscato Giallo, Nebbiolo e Sangiovese, cuja primeira safra foi em meados de 2022. São uvas consagradas há centenas de anos na Itália, das quais são feitos os famosos vinhos Brunello, Chianti e Barolo. Quando o projeto estiver 100% concluído, a expectativa é chegar a 20 hectares, o que resultará na produção de aproximadamente 100 mil garrafas e vinho por ano. A princípio, a vinícola está trabalhando com um rótulo, de vinho tinto seco, o Pietro (homenagem ao avô Pedro), cuja produção, comandada pela enóloga Isabela Peregrino, e envasamento está sendo terceirizada para a Vitacea, localizada em Caldas (MG), até que a fábrica da Fazenda Cravinhos, que está em início de construção, seja concluída. O primeiro lote comercial, com 1300 garrafas, será lançado em março e, por enquanto, o produto será vendido somente na vinícola. Outro rótulo que já foi testado de forma experimental é o Carina Biagi (homenagem à esposa de Luiz), um branco seco feito à base da Moscato Giallo, que ainda não tem previsão de comercialização.
De acordo com Anísio Rodrigues, gerente geral da Vinícola, além da amplitude térmica, a técnica de dupla poda ou poda invertida (colheita de inverno) mostrou excelentes resultados na região, com dados embasados em pesquisa realizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “Pensando pelo lado do Agronegócio, esse empreendimento contribui com novas tecnologias para a diversificação das culturas na região. Vem somar-se ao que já temos de excelência nas atividades sucroenergéticas, cafeeira, na citricultura, na área de laticínios. A tecnologia e o conhecimento são a base para o desenvolvimento de tudo no mundo. Isso transforma nossa região em referência e tecnologicamente evoluída. Do ponto de vista do Enoturismo, fortalece o interior de São Paulo que cada vez mais vem se tornando referência nessa área”, analisa Anísio.
Em relação à geração de renda, somente nos vinhedos, o projeto gerou 24 empregos. Quando estiver consolidado chegará a 50 empregos diretos.
Visitas e Osteria – Depois da implantação dos vinhedos, veio a ideia de investir em uma Osteria para possibilitar uma experiência completa aos enoturistas. O local foi projetado pela arquiteta Sissi Verri e a cozinha está a cargo da chef Beatriz Nomelini, gastrônoma, com pós-graduação em docência do ensino superior, MBA em Marketing com ênfase em negócios gastronômicos e especialização Master Chef pelo Culinary Intitute of America da Califórnia e adepta aos conceitos de “comida de verdade” e incentivadora do ” Farm to table”.
“Trabalhei em diversos restaurantes gastronômicos com influência francesa e italiana, sem perder a “brasilidade”. Nos últimos anos, fui docente em faculdades e escolas de gastronomia da região e me dediquei à meliponicultura. Também sou apaixonada por vinhos, o que me motivou a aceitar esse desafio de chefiar a Osteria da Vinícola Biagi. Entrei de corpo e alma no projeto e estou morando na Fazenda Cravinhos com minha família para poder me dedicar ainda mais a ele”, explica Beatriz.
A Osteria tem uma “Cozinha de Inspiração Italiana com Alma Brasileira”, como define Beatriz. O cardápio quinzenal é elaborado com produtos sempre frescos e selecionados pela chef com o conceito de Farm to table – usar tudo que pode ser produzido na própria fazenda, respeitando sazonalidade e tipo. “Valorizamos e agregamos produtos feitos na região e orgânicos sempre que possível”, conclui.
Além de servir os almoços nas visitas, o espaço será aberto para eventos fechados, tanto corporativos como sociais, e também para cursos de gastronomia e enologia. A Osteria conta com consultoria do enólogo Pedro de Guide, na parte de harmonização de vinhos.
Experiências junto à natureza – Além da visita aos vinhedos, o passeio pela fazenda inclui experiências únicas em meio à natureza, nos vários caminhos que foram detalhadamente pensados para que os visitantes possam contemplar, vivenciar, tirar fotos e interagir com a paisagem local.
O Caminho das Flores, localizado no alto de um vale e entre vinhas das variedades Sangiovese e Moscato Gialo, é ideal para uma curta caminhada contemplativa e que possibilita a parada para belas fotografias. As flores nele cultivadas são perenes, na sua maioria comestíveis e usadas na culinária da Osteria. São espécies que atraem borboletas boas para o vinhedo e geram aromas florais agradáveis ao ambiente e em uma pequena proporção, acabam por influenciar no Terroir dos vinhos. Uma das variedades de flores cultivadas é a Cravina, essa flor em particular, tem uma grande importância histórica, pois ela deu origem ao nome da cidade de Cravinhos e da própria Fazenda Cravinhos. Seu plantio é também um meio de fazer esse resgate histórico.
O Caminho das ervas, proporciona a interação com diversas variedades de plantas, possibilitando o conhecimento de suas origens e funções, bem como a oportunidade de sentir seus agradáveis perfumes deixados no ar ao seu redor. São ervas utilizadas na gastronomia da Osteria.
O Caminho das águas possibilita o contato com um bem preciosíssimo, talvez um dos mais importantes para a vida na terra. Nele, é possível contemplar a água que brota do solo nas nascentes, que são protegidas, com uso consciente das águas para a sua preservação. Toda a água utilizada na Fazenda Cravinhos é proveniente de nascentes e distribuída pela propriedade pela força da gravidade, sem o uso de bombas elétricas. Como este espaço está muito próximo das nascentes, não era possível o bombeamento da água por gravidade. A roda d’agua, que também faz parte desse caminho, foi uma excelente opção ecologicamente sustentável e adequada para resolver essa questão. A roda d’agua gera um som agradável, perfeito para quem deseja sentar um pouco, ouvir e contemplar a natureza.
Sustentabilidade – Todo o projeto da Vinícola foi construído pensando na sustentabilidade, buscando aproveitar, sempre que possível, materiais da própria fazenda. Todas as cerquinhas no entorno dos caminhos, foram feitas de madeira reaproveitada de antigas cercas, os tijolos são de demolição, algumas peças do mobiliário foram feitas com madeira cultivada na fazenda ou de árvores que caíram de forma natural.
O sistema de irrigação utilizado é por gotejamento, o que permite utilizar a menor quantidade de água possível, de forma muito eficiente, sem desperdício, lançando as gotas diretamente no pé das plantas e só na quantidade necessária. É também o sistema que consome a menor quantidade de energia elétrica. Toda a energia consumida, é gerada dentro da própria Fazenda Cravinhos, através de painéis solares em uma pequena usina solar. “Nosso objetivo com tudo isso é sermos ecologicamente o mais sustentáveis possível, buscando sempre produzir e preservar, gerando emprego e renda”, explica Anísio.
Sobre a Fazenda Cravinhos: Fundada em 1820 pelo Capitão Mateus José dos Reis e adquirida em 1876 pela família Pereira Barreto, foi o berço do café Bourbon em São Paulo, tendo fornecido sementes inclusive para o governo do Estado. Distante 2,5 km da cidade, na década de 50, foi potência na cafeicultura e na criação de gado da raça Gir, além do cultivo de arroz, tomate, milho e feijão. Possuía excelente estrutura de máquinas e construções. Adquirida por Luiz Biagi em 1983, com aproximadamente 700ha, a Fazenda Cravinhos vem se modernizando, ampliando suas instalações e aperfeiçoando os processos produtivos. Possui estradas asfaltadas com acesso a todas as dependências e à rodovia, e ainda pistas para caminhada e lazer. Vastas áreas gramadas e arborizadas. Campo de futebol para os moradores. Quatro represas que formam uma magnífica paisagem.
Área com mata natural protegida e conservada pela fazenda, respeitando e mantendo a natureza e o meio ambiente. Áreas de pomares com grande diversificação de frutas e horta. Plantios de áreas de culturas anuais como milho, soja e outras, são feitos de acordo com o planejamento anual, estudos de mercado e a necessidade para o consumo interno da fazenda e comercialização de excedentes. Além dos vinhedos, da vinícola e da Osteria, também mantém atividades como: cana de açúcar, gado de leite da raça holandesa, mantido em sistema de free-stall e produz leite para outra atividade importante que é a indústria de leite e derivados “Leiteria da Fonte”. Por meio de uma parceria, mantém uma torrefação que produz o café Patrocínio dentro da fazenda. Ainda mantém atividades como: pecuária extensiva com gado de corte, mantido em pastagens nas áreas mais íngremes; Haras Cravinhos, há mais de 30 anos criando cavalos da raça Mangalarga Paulista, em sistema de pastos e cocheiras; ovinos (que serão utilizados na culinária da Osteria) e granja com galinhas poedeiras de ovos galados.
Também são mantidos na Fazenda Cravinhos a Escolinha, onde as crianças da fazenda recebem aulas de alfabetização e complementação dos estudos regulares (com biblioteca, espaço para leitura, microcomputadores, salas para jogos e entretenimento) e a Fundação Primeiro Mundo, que há mais de 30 anos vem investindo no apoio à formação acadêmica de jovens universitários, contribuindo com a formação e desenvolvimento de talentos.
Serviço:
Localização: Fazenda Cravinhos, na Rod. Angelo Cavalheiro, km 1,3 – saída de Cravinhos para Serrana. Ao chegar na entrada da fazenda, seguir as placas sentido OSTERIA.
Horário de funcionamento: Aos domingos, das 9h30 às 15h, mediante agendamento.
Agendamento de visitas: 16 98843-4976 – WhatsApp (Paulo) ou 16 3951-2220 – escritório ou ainda pelo e-mail: osteria@vinicolabiagi.com.br
Instagram: @vinicolabiagi
Opções de visita:
Só almoço (sem degustação, harmonização e passeio)
Almoço com degustação de vinhos (sem passeio)
Tour guiado com harmonização de vinhos (sem almoço)
Completo – almoço com degustação de vinhos, tour pelos vinhedos e caminhos.
Também aberto para eventos corporativos e sociais