Governo Do Estado De São Paulo Realiza Entrega Do Novo Museu Do Ipiranga

Governo Do Estado De São Paulo Realiza Entrega Do Novo Museu Do Ipiranga

Com investimento de R$ 34 milhões em recursos próprios do Governo do Estado para restauração e ampliação, o museu agora tem o dobro do tamanho;

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, realizou no último dia 7 de setembro a entrega do Novo Museu do Ipiranga. Após nove anos fechado para visitação, o Museu do Ipiranga reabriu para o público no dia 8 de setembro, como um dos mais completos e modernos museus da América Latina. Nos últimos três anos, o museu passou por uma reforma que angariou o maior valor já captado. Reaberto, o Museu do Ipiranga tem sua área construída dobrada e área expositiva triplicada, além de acessibilidade a todos os pavimentos do edifício, e a recuperação do Jardim Francês e suas fontes. A expectativa é de que a instituição passe a receber entre 900 mil e 1 milhão de visitantes por ano.

A entrega do Novo Museu do Ipiranga e o Bicentenário da Independência são marcos relevantes que pertencem ao conjunto da sociedade e devem ser celebrados por todos os brasileiros”, afirma Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo. “É por isso que o Governo do Estado de São Paulo se empenhou para viabilizar o projeto de restauro e ampliação do Museu do Ipiranga e de seu Jardim Francês, e realizou mais de 100 atividades culturais relacionadas ao tema, no Parque da Independência, além da agenda virtual Bonifácio, um guia completo sobre a programação do Bicentenário em São Paulo.”, finaliza Sérgio Sá Leitão.

O custo total da obra foi de R$ 235 milhões. Além da maior captação de recursos da iniciativa privada já realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, foram feitos aportes pelo Governo do Estado e parte por empresas, mas sem incentivo fiscal. O governo estadual investiu R$ 34 milhões no museu, dos quais R$ 15 milhões foram no Edifício Monumento e R$ 19 milhões no Jardim Francês.

Entre os patrocinadores e parceiros estão: BNDES, Fundação Banco do Brasil, Vale, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN, EDP, EMS, Itaú, Sabesp, Santander, Banco Safra, Honda, Raízen, Postos Ipiranga, Pinheiro Neto Advogados, Atlas Schindler, Novelis, B3, Nortel, Dimensional, Goldman Sachs, GHT, Rede D’Or e Too Seguros.

Obras

As obras foram executadas em duas grandes frentes: restauro do Edifício-Monumento e a ampliação do edifício. Na parte da ampliação, uma escavação em frente ao prédio, na área da esplanada, retirou 35 mil metros cúbicos de terra, a capacidade de 2 mil caminhões.

Com o novo espaço criado, de 6,8 mil m², o museu ganha entrada integrada ao Jardim Francês, além de bilheteria, café, loja, auditório para 200 pessoas, espaços e salas para atendimento educativo, e uma grande sala de exposições temporárias, com 900m². No Edifício-Monumento, foram realizados reparos em todos os detalhes da refinada arquitetura, incluindo os 7,6 mil m² das fachadas, que, pela primeira vez, passaram por limpeza, decapagem, recuperação dos ornamentos, aplicação de argamassa, tratamento de trincas e, por fim, a pintura.

O Novo Museu do Ipiranga também teve restaurado o Jardim Francês, localizado em frente ao Edifício-Monumento. Estimada em R$ 19 milhões e custeada pelo Governo do Estado, a obra incluiu restauração de toda a área construída e do paisagismo, reforma do espaço da antiga administração para instalação de um restaurante, criação de infraestrutura para food bikes, restauro e modernização da iluminação pública, requalificação das vias de acesso (inclusive com equipamentos de acessibilidade), reativação da fonte central e recuperação de duas fontes presentes no projeto original do jardim, destruídas na década de 1970.

Serão abertas ao público 12 novas exposições, contemplando cerca de 3,5 mil itens do acervo, que no total tem 450 mil itens e documentos. Pela primeira vez na história do museu, a instituição também estará apta a receber acervos de outras instituições, inclusive internacionais, graças à instalação de ar-condicionado.

O museu também contará agora com modernos métodos para prevenção de incêndios. O sistema de sprinklers adotado é do tipo “pré-ação” com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos acidentais. Além do sistema de detecção de fumaça, que utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos), houve a implantação de proteção térmica em toda a estrutura do prédio. A parte elétrica foi integralmente reformada e envolvida em manta cerâmica, material capaz de reter altas temperaturas, normalmente utilizado em portas corta-fogo. As tecnologias de prevenção contra incêndios estão integradas a um sistema inteligente de gerenciamento predial, otimizando processos de segurança, manutenção do prédio e conservação do acervo.

O prédio ganhou ainda a instalação de vidros de baixa transmitância, que retêm o calor do raio solar, garantindo conforto térmico do prédio e melhor conservação do acervo. A iluminação é controlada ponto a ponto via sistema de automação, com lâmpadas LED, que gastam menos energia e emitem menos calor. Outra ação ecológica foi um sistema híbrido para a circulação de ar, que inclui aparelhos de ar-condicionado apenas na expansão do edifício – o que também preserva a integridade da construção histórica.

Córrego despoluído

Além do Museu do Ipiranga restaurado e reaberto ao público, a comemoração do bicentenário da Independência do Brasil terá como cenário também o Córrego Ipiranga despoluído. A Sabesp concluiu o trabalho de despoluição do curso d’água, citado até na abertura do Hino Nacional, e está entregando à população um córrego mais limpo para a festa do 7 de setembro de 2022.

A despoluição do córrego – também chamado de riacho do Ipiranga – melhora a qualidade de vida e as condições do meio ambiente, beneficiando diretamente 400 mil moradores de bairros como Ipiranga, Saúde, Jardim da Glória, Vila Mariana, Jardim da Saúde, Água Funda, Vila das Mercês, entre outros. A obra incluiu a implantação de coletores-tronco, redes coletoras de esgoto, interligações e regularização de ligações, para levar o esgoto da região para tratamento e impedir a chegada ao Ipiranga e seus afluentes.

Patrimônio histórico

Tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, o edifício foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Foi concebido originalmente como um monumento à Independência e tornou-se, em 1895, a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país.

Exposições

No Novo Museu do Ipiranga, o público vai se deparar com 12 exposições – 11 de longa duração e uma mostra temporária. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos: “Para entender a sociedade” e “Para entender o Museu”. A exposição de curta duração, denominada Memórias da Independência, estará aberta por quatro meses a partir de novembro. No total, estão expostos cerca de 3162 itens pertencentes ao acervo do Museu, 562 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles. A maior parte dos objetos data dos séculos 19 e 20, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. As mostras contemplam pinturas, esculturas, objetos, móveis, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira que trazem discussões sobre a sociedade brasileira, desde a esfera íntima da casa até a vida social, e sobre o próprio museu, suas atribuições e funcionamento.

Conheça as 12 exposições do Novo Museu do Ipiranga:

Para Entender a Sociedade

Esse eixo apresenta para o público as pesquisas desenvolvidas pelo corpo docente do Museu e dizem respeito a processos sociais ligados aos imaginários que alimentam histórias do Brasil, ao universo do trabalho, e à constituição dos espaços domésticos como lugares de formação de identidades. 

1. Uma História do Brasil: a exposição compreende o hall, a escadaria principal e o Salão Nobre e tem como acervo principal as obras de arte que estão integradas à arquitetura, como a tela Independência ou Morte, de Pedro Américo. O conjunto de obras constitui uma versão da história do Brasil produzida para as comemorações do centenário da Independência em 1922. A exposição coloca em questão a noção de realidade dessa narrativa, a escolha dos personagens e o modo como esta versão da história do Brasil se subordina à história paulista. Propõe uma discussão contextualizada sobre esses documentos tridimensionais que mostram uma visão histórica difundida na década de 1920.

2. Passados Imaginados: exibe telas de grandes dimensões, além da maquete de gesso representando a cidade de São Paulo em 1841, que ganhou novos recursos tecnológicos. O foco é demonstrar que os acontecimentos representados nessas obras não são uma janela para o passado que está ali representado, e sim o processo de criação de artistas em determinadas épocas. Acostumado a entender estas representações como cenas verídicas, por conta do modo como foram apresentadas nos livros didáticos, o público encontra nessa exposição a recontextualização das obras de arte para serem compreendidas dentro do sistema que as produziu. 

3. Territórios em Disputa: aqui estão expostos os objetos mais antigos do Museu ligados à colonização e que remontam aos séculos 16 e 17. São objetos em pedra, cartas de sesmaria, mapas e outros documentos que contam como os europeus implantaram nas terras coloniais noções de território que se materializaram não apenas por meio de legislação ou da força bruta, mas pelo uso de objetos inéditos para os povos indígenas. 

4. Mundos do Trabalho: a exposição trata do universo do trabalho num amplo espectro de atividades desde o período colonial até os dias atuais. Pretende lançar luzes sobre o trabalho anônimo de indígenas, negros escravizados, forros, homens livres, migrantes, imigrantes e, com isso, trazer questões centrais para a compreensão do trabalho nos dias de hoje. Uma delas será demonstrar que o trabalho manual ou seriado não pode ser desconectado do trabalho intelectual, divisão muito comum e que desvaloriza o trabalho feito com o corpo, especialmente com as mãos. A exposição inclui ferramentas de marcenaria e mecânica de Santos Dumont.

5. Casas e Coisas: expõe o processo de transformação de especialização dos espaços da casa que levou a compartimentações como áreas sociais, íntimas e de serviço. A casa era um lugar multifuncional – o lugar onde se cultivava alimentos, se praticava o comércio, se produziam coisas, onde as crianças recebiam educação, se realizavam encontros culturais. Ao longo do tempo, essas atribuições foram sendo transferidas para instituições específicas fora da casa. Ao perder essas funções tradicionais, a casa se volta para uma experiência inédita: fazer parte da formação da identidade. É no século 19 que a palavra “interior” passa a conectar artefatos e espaços da casa ao interior psíquico de seus moradores. Essa mostra não trata de decoração, mas de como a decoração se torna a expressão do caráter e da personalidade de seus moradores.

6. A Cidade Vista de Cima: a última exposição do eixo Para entender a Sociedade apresenta imagens que mostram os diferentes momentos da história da cidade de São Paulo e prepara o visitante para apreciar a paisagem urbana no mirante.

Para Entender o Museu

As exposições deste eixo trarão informações sobre a história do edifício, da instituição e seu ciclo curatorial (aquisição, conservação, catalogação, exposição). Como analisar processos históricos nunca é um trabalho neutro, é fundamental tornar transparente o modo de produção desses conhecimentos, buscando distinguir memória, uma categoria social, da História, uma categoria cognitiva que permite compreender o fenômeno social da memória. Além de uma exposição introdutória sobre esses temas, o eixo conta com mais quatro exposições, que exibirão as maiores coleções do Museu – medalhas, moedas, imagens fotográficas e pinturas e objetos do cotidiano como brinquedos e louças nacionais e estrangeiras. Elas serão utilizadas para demonstrar o funcionamento do ciclo curatorial, discutidos a partir de quatro atividades chamadas de 4Cs – Coletar, Catalogar, Conservar e Comunicar.

7. Para Entender o Museu: exposição introdutória sobre o eixo. Conta a história do edifício e da instituição, explicando como é o trabalho na área de História e Cultura Material, como surgiu o Museu e porque ele foi instalado em um edifício projetado para ser um monumento à memória da Independência. A mostra conta com a Maquete do Museu produzida pelo arquiteto Tommaso Gaudenzio Bezzi em 1880 e detalha a arquitetura do prédio e sua construção. 

8. Coletar: imagens e objetos: amostras de nossas coleções são utilizadas para explicar as mudanças nas políticas de coleta de documentos, que levaram tanto a uma ampliação da representatividade social e cultural presente em nossas coleções quanto a uma variedade de materiais e técnicas dos objetos e imagens coletados. Destaque para a coleção de 33 retratos em óleo do belga Adrien Henri Vital van Emelen retratando pessoas negras e indígenas.

9. Catalogar: moedas e medalhas: a prática da catalogação será explorada a partir da tradicional coleção de moedas e medalhas, que tem formas muito estabelecidas de identificação e descrição de seus materiais e suas simbologias.

10. Conservar: brinquedos: objetos de brincar de casinha figuram ao lado de carrinhos, espaçonaves e foguetes. Será possível mostrar o trabalho de conservação, desde a avaliação no momento da entrada do item na coleção, as atividades de higienização e restauração, os modos de embalar até a guarda nas reservas técnicas.

11. Comunicar: louças. Será possível mostrar como se produz uma exposição a partir de resultados de pesquisa e de como a pesquisa pode mudar o perfil das coleções. A exposição em um museu universitário de História é bem diferente da prática de simplesmente expor os objetos. Ela está relacionada à seleção, criação e interpretação, portanto, a um processo de conhecimento que está longe de ser neutro ou de atestar uma verdade. 

Exposição temporária 

Memórias da Independência 

A exposição vai inaugurar a área nova de expansão do Museu sob a Esplanada. Aqui, serão tratadas as diferentes práticas memoriais e comemorativas relacionadas ao processo de Independência, que resultaram em sucessivas celebrações ao longo dos séculos 19, 20 e 21. Por ela, o público poderá compreender como o processo de ruptura com Portugal foi também disputado por projetos celebrativos e festividades que ocorreram em São Paulo, no Rio de Janeiro (a antiga capital) e em Salvador (onde o processo de Independência só foi concluído em 1823). A exposição abre no dia 1º de novembro e fica quatro meses em cartaz.

SERVIÇO

Museu do Ipiranga

Terça a domingo, das 11h às 17h.

Lote semanal de ingressos toda sexta-feira, às 10h, no site 

www.museudoipiranga.org.br ou na plataforma Sympla.

Entrada apenas mediante agendamento prévio

Entrada gratuita até 6 de novembro, com limite de 4 ingressos por CPF

Crianças de até seis anos, acompanhadas dos pais ou responsáveis, não precisam de ingressos. 

É necessária a apresentação do Certificado Nacional de Vacinação contra a Covid-19.

Rua dos Patriotas, nº 20

Grupos e escolas: Os agendamentos começam em outubro pela plataforma Sympla. Para outras informações, entre em contato pelo e-mail serveduc@usp.br

Visitas guiadas: começarão em 2023. 

Como chegar:  

Transporte público: De metrô, há duas estações próximas ao Museu, ambas da linha 2, verde: Alto do Ipiranga (30 minutos de caminhada) e Santos-Imigrantes (25 minutos a pé). A linha 710 da CPTM tem uma parada no Ipiranga (20 minutos de caminhada). 

Principais linhas de ônibus: 4113-10 (Gentil de Moura – Pça da República), 4706-10 (Jd. Maria Estela – Metrô Vila Mariana), 478P-10 (Sacomã – Pompéia), 476G-10 (Ibirapuera – Jd.Elba), 5705-10 (Terminal Sacomã – metrô Vergueiro), 314J-10 (Pça Almeida Junior – Pq. Sta Madalena), 218 (São Bernardo do Campo – São Paulo). 

Pessoas com deficiência em transporte individual: na entrada da rua Xavier de Almeida, nº 1, há vagas rotativas (zona azul) em 90°. Para quem usa bicicleta, foram instalados paraciclos na área do jardim.

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