Levantamento especial feito pelo Data Favela foi divulgado na primeira edição da Expo Favela, evento patrocinado pelo Nubank que potencializa o empreendedorismo nas comunidades
A favela é um hub de oportunidades. E, hoje, a vontade de empreender já é uma realidade entre os mais de 17 milhões de moradores de comunidades no Brasil. Quem diz isso é o levantamento Um País Chamado Favela, feito pelo Data Favela em parceria com o Instituto Locomotiva: 76% dos entrevistados afirmaram que têm ou que gostariam de ter um negócio. Entre aqueles que já empreendem, no entanto, apenas 37% têm um CNPJ.
Esses números foram divulgados na abertura da Expo Favela, primeiro evento a reunir investidores e empreendedores da favela em um só lugar, e que contou com o patrocínio do Nubank. Os dados foram apresentados por Celso Athayde, empresário idealizador do evento, e Renato Meirelles, presidente e fundador do Instituto Locomotiva.
Abaixo, veja mais alguns dados revelados pela pesquisa e outros destaques da Expo Favela 2022.
Empreendedorismo da favela
A pesquisa também mostra que 57% das pessoas só abriram um negócio próprio por necessidade, mas aponta que 6 milhões de pessoas que vivem em favelas sonham em empreender.
A falta de renda costuma ser o principal motivo que impulsiona os moradores de favela ao empreendedorismo. Entre as dificuldades, aparecem problemas como falta de dinheiro e de crédito, falta de instrumentos de trabalho adequados e dificuldades na gestão financeira para manter o negócio de pé.
Sobre os desafios enfrentados pelos moradores de favela na hora de empreender, Celso afirma que “as oportunidades vão se dar a partir de ferramentas. Mas, em alguns lugares, essas ferramentas só estão disponíveis para um perfil social”, comenta. “A maior dificuldade de quem está nos lugares mais pobres do país é a de não ter a possibilidade de estudar e aprender sobre negócios em espaços que não estão disponíveis para elas”, conclui.
Outros destaques da Expo Favela
Entre os dias 15 e 17 de abril de 2022, os três andares do World Trade Center (WTC), na zona sul de São Paulo, abriram as portas para cerca de 33 mil visitantes que participaram de mais de 36 horas de programação, criadas para impulsionar empreendedores de favelas. Representantes de fundos de investimento de todo o Brasil dialogaram com mais de 300 empresas, gerando novas possibilidades de negócios.
Além da pesquisa que abriu o primeiro dia, o evento foi marcado pela participação de artistas, empreendedores e personalidades influentes em diversas conferências, workshops e palestras.
Entre eles, estiveram presentes nomes como Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, Rachel Maia, Adriana Barbosa, o apresentador Luciano Huck e o DJ Alok. Durante todo o evento, muitas atividades aconteceram simultaneamente, como uma exposição fotográfica com imagens da favela de Paraisópolis, em São Paulo, aulas de dança, exibições de filmes, feiras literárias e até um baile funk.
O Nubank na Expo Favela 2022
O Nubank também esteve presente no evento, lotando o auditório com uma conferência especial sobre educação e tecnologia. O papo teve apresentação do escritor e professor João Pedrosa e a participação de Fabíola Marchiori, Vice-Presidente e General Manager de Engenharia do Nubank; Emicida, rapper, escritor e empresário; e Karen Santos, CEO da empresa de tecnologia UX para Minas Pretas.
Por quase uma hora, os quatro conversaram sobre educação profissionalizante, representatividade no mercado de trabalho, sobre o papel das empresas no enfrentamento das desigualdades e os dilemas impostos pelas novas ferramentas tecnológicas.
Durante a conferência, Fabíola destacou que, antes de mais nada, a tecnologia é feita por pessoas. “Quando programamos, estamos ajudando a resolver problemas reais, então precisamos de pessoas reais no lugar de construção dessas tecnologias”, afirmou a engenheira.
Emicida, por sua vez, trouxe uma reflexão importante sobre o papel da tecnologia para a construção de um mudo melhor. “A tecnologia nos possibilita sonhar e realizar os nossos sonhos, mas a gente precisa estar muito atento pros dilemas humanos que a revolução tecnológica vai trazer para todos nós. Acesso, de alguma maneira, nós temos. Agora, isso precisa estar alinhado com a nossa crença de que é possível construir um mundo melhor com essas ferramentas”, explica o músico.
Outros nubankers também tiveram momentos de interação com o público. Marisa Santana, gerente de ESG e impacto social no Nubank, liderou a palestra “Acesso a Investimento Social Privado – Principais desafios e possíveis caminhos”. Ela comentou sobre a importância do encontro e das discussões. “A Expo Favela foi um evento muito potente, com pontos que convergem para muitas coisas que acreditamos: a inconformidade com o status quo, a necessidade de desburocratizar a vida das pessoas e a importância dos protagonismos”, conclui.
Ian Nunjara, especialista em ESG no Nubank, apresentou sua visão sobre soft skills e desenvolvimento profissional em uma sessão de mentoria. O tema diversidade e inclusão nas empresas foi destaque durante a participação de Helena Bertho, diretora global de Diversidade e Inclusão do Nubank. Ela recebeu uma plateia animada para uma palestra especial, em que compartilhou seu conhecimento com o público.
Semente Preta na Expo
Além das palestras, o terceiro andar ficou mais roxo com um stand destinado às empresas que fazem parte do Semente Preta, um programa de desenvolvimento do Nubank para startups fundadas e dirigidas por empreendedores negros. Nos três dias de evento, as startups AfroSaúde, Akintec, {Parças}, Online OS, Team Hub e Toti Diversidade, que participam do programa, conversaram com mais de duas mil pessoas interessadas em seus negócios e serviços e saíram com mais de 20 possibilidades de novos negócios com empresas e investidores.
Ao final do evento, Celso Athayde avaliou a experiência como positiva, reconhecendo que ela foi maior do que se imaginava. Como lição de casa para fomentar ainda mais esse ecossistema empreendedor, ele deixa o recado: “As empresas precisam reconhecer a qualidade dessas pessoas e não olhar o favelado como um coadjuvante. Precisa existir uma relação de parceria e não de exploração, pois isso sim é sustentável”, conclui.
Fonte: Nubank