25ª Mostra Tiradentes | Exibição de “Mutirão”, do diretor Lincoln Péricles, pode ser vista até hoje (24), às 22 horas

25ª Mostra Tiradentes | Exibição de “Mutirão”, do diretor Lincoln Péricles, pode ser vista até hoje (24), às 22 horas

A sessão é gratuita e está disponível na plataforma oficial do evento: www.mostratiradentes.com.br

Os cinéfilos de plantão têm a oportunidade de conferir até às 22 horas desta segunda-feira, dia 24 de janeiro, o curta-metragem “Mutirão” (SP)do diretor Lincoln Péricles. O filme está disponível gratuitamente na programação da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes que acontece mais uma vez em ambiente virtual pelo: www.mostratiradentes.com.br

Mutirão” trata da luta popular pela moradia no Capão Redondo, São Paulo, e o papel determinante das mulheres. Conduzido por uma criança que narra, a produção recupera documentos sobre a organização dos mutirões na Cohab Adventista. O filme é o resultado da bolsa concedida pelo programa “O Brasil de Verdade”, do Instituto Conhecimento Liberta [ICL].

curta-metragem de Lincoln Péricles é um manifesto em defesa de um cinema de poesia, universalizando uma situação histórica específica: a formação da Cohab Adventista no Capão Redondo.

Sempre afirmando a disposição para varrer a História a contrapelo, Lincoln segue enfrentando de maneira criativa os desafios de sua realidade objetiva. Ao unir a luta social com o questionamento sobre a imagem na contemporaneidade, o diretor agora nos oferece, em ato, a tomada de consciência de uma criança a respeito de seu espaço, sua moradia e sua história. Da coletividade para a criança, da criança para o espectador, o filme constrói uma correia de transmissão, que busca ampliar sua energia política enquanto recupera um passado da organização popular. Uma criança que narra. A criança observa, pontua, interpreta, critica, analisa, monta, brinca com as imagens e seus ricos detalhes. A cada nova imagem disposta pelo diretor, a criança lança o espectador para seu universo particular e comum, convocando este a estender a reflexão sobre seu próprio espaço e lugar.

O folhear desse álbum de fotografias e imagens em movimento se desenvolve como tateio de um material familiar, que aos poucos fornece os elementos para o reconhecimento de si. Da gratuidade inicial do jogo proposto pela criança, avança-se para a tomada de consciência sobre a organização popular, reforçando uma história viva no agora.

O filme foi financiado pelo programa Brasil de Verdade, realizado pelo Instituto Conhecimento Liberta [ICL]. Tais bases de produção possibilitaram o aprofundamento das pesquisas históricas, recuperando assim documentos esquecidos sobre os mutirões e o papel decisivo das mulheres na luta pela moradia popular no extremo sul da cidade de São Paulo.

A forma do manifesto é familiar a Lincoln. Ele conhece o tom polêmico, de confronto, que busca abalar. Entretanto, nenhum manifesto foi mais leve e sensível no trato da gente da periferia do que Mutirão. No lugar do sensacionalismo da reportagem que denuncia, ele busca o instantâneo que apenas a criança pode expressar, uma centelha capaz de iluminar um processo histórico que permanece. Anos atrás, Lincoln produziu seu manifesto, Por um cinema pedreiro. Sua concepção parece ter se expandido e agora ele propõe um cinema de mutirão. O cinema feroz, mas ainda individual, do pedreiro confluiu agora para um cinema coletivo, de mutirão.

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