Startups do setor financeiro usam tecnologia para negociar dívidas, orientar sobre gastos e auxiliar pequenos empresários.
Em uma realidade onde 71,4% dos brasileiro estão endividados e pequenas e médias empresas se esforçam para retomar o faturamento pré-pandemia, algumas fintechs, startups do setor financeiro, aparecem para ajudar na organização das finanças.
Essas fintechs usam tecnologia e uma grande base de dados para conseguir maior rapidez e eficiência nas negociações de dívidas, em contraste com o modelo padrão de call center adotado pelas grandes instituições, de acordo com Ahmed El Khatib, professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
“Com as fintechs de renegociação de dívidas, é possível que pessoas devedoras consigam quitar suas pendências de uma maneira menos desagradável. Outras orientam sobre ter um controle melhor do orçamento doméstico. E tem as que ajudam as próprias empresas a se organizarem financeiramente, ajudando a melhorar o fluxo de caixa”, afirma o professor.
Segundo Khatib, para pequenas e médias empresas, as fintechs atuam de forma mais cirúrgica e necessária: através do serviço de antecipação de recebíveis, permitindo o recebimento de valores que só entrariam, efetivamente, no caixa da empresa daqui há algum tempo.
Conheça algumas fintechs que podem ajudar na organização financeira:
Empatia e agilidade
A Uffa ajuda quem está inadimplente na negociação das dívidas e permite a quitação por meios alternativos de pagamento, como vale-refeição. A solução é pautada na empatia com quem está devendo, sem ligações e excesso de mensagens. Uma forma humana de tratar algo que pode ocorrer com qualquer um, segundo a empresa. Hoje, são mais de 14 milhões de pessoas e empresas cadastradas na plataforma.
“Uma despesa não quitada, muitas vezes, não representa apenas uma quantia de dinheiro que deve ser paga. De forma indireta, ela altera a qualidade de vida, trazendo mudanças de humor, brigas com parceiros, divórcios, além de atrapalhar a relação com familiares e aumentar o mau desempenho no trabalho”, diz a CEO e fundadora do Uffa, Ana Paula Pisaneschi.
Como funciona? No site, que pode ser acessado também pelo celular, bastaInformar o CPF e, em menos de 3 minutos, o usuário tem acesso a uma simulação de diferentes cenários para pagar o que deve. Além do vale-refeição, o pagamento pode ser feito por boleto, cartão de crédito ou débito em conta.
Ao negociar uma dívida pela plataforma, o usuário também pode receber cashback, uma quantidade de dinheiro que é devolvida ao usuário por meio de um cartão pré-pago de custo zero, e vouchers de desconto para usar como quiser. A iniciativa também vale para quem não tem contas em bancos.
Para quem é? A negociação de dívidas é oferecida pra pessoas físicas. Para empresas, há a possibilidade de contato com os clientes inadimplentes.
Quanto custa? Não tem custo para o consumidor.
Inteligência artificial e metas
O principal objetivo da Plano é melhorar a relação do brasileiro com o dinheiro. Fundada em 2018 por Ricardo Hiraki e José Leonardo de Campos, a fintech usa inteligência artificial para criar planos de ação e metas personalizadas para cada perfil de cliente.
No primeiro semestre de 2021, a empresa aumentou o faturamento em R$1 milhão, por meio de uma rodada de investimentos, e recebeu um prêmio do Meu Bolso em Dia, programa de aceleração da Febraban.
“Em um momento de alto desemprego, inflação e desarranjo econômico, é ainda mais importante as pessoas focarem em ter educação financeira e se manterem saudáveis financeiramente. As fintechs geram inovação em diversos serviços e vêm para complementar e modernizar os serviços dos grandes”, afirma Hiraki.
Exemplo de um planejamento financeiro feito pela Plano — Foto: Divulgação
Como funciona? Através do uso de inteligência artificial e de uma Assistente Virtual no WhatsApp, a Plano desenvolve um planejamento financeiro para os próximos 24 meses e auxilia seus clientes a enxugarem excessos e encontrarem estratégias para diminuir custos e despesas.
Para isso, o aplicativo propõe metas, exercícios e estratégias de gamificação. A ideia é, gradativamente, levar o usuário a ter mais saúde financeira e, um dia, ser investidor.
“Nós analisamos o comportamento de consumo dos nossos clientes, assim como tudo que entra e sai mensalmente. A partir disso, desenvolvemos um plano de ação e metas de acordo com a necessidade de cada um e fazemos um acompanhamento próximo para garantir que, de fato, esteja havendo uma mudança de visão”, explica José Leonardo.
Para quem é? Pessoas físicas e empresas que oferecem o serviço a seus colaboradores e clientes.
Quanto custa? R$ 29,90 por mês para o usuário final.
Ajuda para PMEs
O objetivo da Listo é promover a autonomia financeira de pequenos e médios empreendedores usando uma plataforma que permite ao empresário ter independência para decidir como gerenciar suas finanças. A fintech atua em vários segmentos, como automotivo, saúde e varejo.
“As pequenas e médias empresas costumam encontrar problemas para oferecer aos seus clientes condições mais atrativas de pagamento. É fundamental que as startups ofereçam soluções que ajudem esses negócios a facilitar o pagamento para os seus clientes”, comenta Olavo Cabral Netto, CEO e fundador da Listo.
Como funciona? O sistema reúne o gerenciamento de cobrança e de caixa dos clientes, diretamente ligado à maquininha de pagamento com cartões. O carro-chefe é o produto Listo Fácil, uma plataforma de gestão financeira com ferramentas simplificadas. Na prática, o empresário consegue oferecer pagamento parcelado aos clientes e receber à vista.
Para quem é? Pequenos comerciantes e lojistas.
Quanto custa? Há serviços gratuitos e outros com mensalidade de R$ 60.
Fonte: G1