Em 2020, país ficou na 22ª colocação. Levantamento da Austin Rating, a partir das projeções do último relatório do FMI, aponta que desemprego no Brasil deve subir para 14,5% neste ano, ultrapassando a taxa de países como Colômbia e Peru.
O Brasil deverá registrar em 2021 a 14ª maior taxa de desemprego do mundo, após ter ficado em 2020 na 22ª colocação em ranking mundial dos países com os piores patamares de desocupação. É o que aponta levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global.
O ranking com dados desde 2016 compara os índices oficiais dos países e as projeções do FMI para 2021 para um conjunto de 100 economias. Em 2019, o Brasil ficou na 15ª posição. Em 2016, estava na 27ª colocação.
De acordo com o levantamento, a taxa de desemprego no Brasil deverá subir para 14,5% este ano, ultrapassando a de países como Colômbia, Peru e Sérvia, e caminhando na contramão da taxa média global, cuja estimativa é de recuo para 8,7% este ano, ante 9,3% no ano passado.
Pelas projeções do FMI, a África do Sul seguirá com a pior taxa mundial (29,7%), seguida pelo Sudão (28,4%) e pela Cisjordânia e Faixa de Gaza (25,1%). Já o país com o menor desemprego deverá ser a Tailândia (1,5%). Veja quadro abaixo:
Ranking do desemprego no mundo em 2021 — Foto: Economia G1
Desemprego atinge recorde de 14,3 milhões de pessoas
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de desemprego no país em 2020 foi de 13,5%, a maior da série iniciada em 2012. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), o desemprego ficou em 14,2% no trimestre encerrado em janeiro, a maior taxa já registrada para o período, atingindo o número recorde de 14,3 milhões de brasileiros desempregados.
“A taxa de desemprego do Brasil vai ficar acima de dois dígitos por um bom tempo ainda. Em 2021, vamos ter o problema agravado por conta principalmente da questão fiscal, da ausência de reformas e da demora na questão da imunização contra a Covid-19, o que afeta a confiança de investidores e empresários, e atrasa o processo de recuperação do emprego”, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Evolução da taxa de desemprego no Brasil — Foto: Economia G1
O que explica o aumento do desemprego no Brasil
Entre os principais fatores que explicam a projeção de piora do desemprego no Brasil em 2021 estão o agravamento da pandemia de coronavírus e o aumento das preocupações em torno da saúde das contas públicas e do Orçamento 2021, o que tem elevado incertezas sobre o ritmo de recuperação da economia após o tombo histórico de 4,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado.
“Outros países igualmente muito afetados pela pandemia possuem uma projeção de aumento da taxa de desemprego muito menor do que o Brasil”, afirma Agostini, citando como exemplo o Reino Unido (de 4,5% em 2020 para 6,1%) e a Itália (9,1% para 10,3%).
Além do ritmo lento da vacinação contra a Covid no Brasil, o crescimento previsto para o PIB brasileiro neste ano é menor do que o estimado para economias emergentes (6,7%) e para outros países também severamente afetados pela pandemia como o México (5%).
O FMI projeta um crescimento de 3,7% para a economia brasileira em 2021, abaixo da média global (6%). Já a projeção atual dos economistas do mercado financeiro é de alta de 3,17% do PIB este ano, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Mesmo com números positivos de recuperação do emprego formal nos últimos meses, os economistas avaliam que uma melhora mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser observada no segundo semestre, condicionada ao avanço da vacinação e à redução das incertezas econômicas.
“O desemprego vai aumentar muito no Brasil porque não aumentou tanto em 2020 devido ao auxílio emergencial, que fez com que muitos saíssem da força de trabalho no ano passado, não sendo contabilizados como desempregados”, explica o economista Daniel Duque, pesquisador do Ibre/FGV.
Vale lembrar que o IBGE considera como desempregado apenas os trabalhadores que efetivamente procuraram emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. Nesse sentido, à medida em que o ritmo da atividade econômica melhore, sobretudo no setor de serviços – ainda fortemente abalado pelas medidas de restrição para conter o avanço do coronavírus –, a tendência é que um contingente maior de pessoas passem a procurar emprego.
De acordo com o IBGE, o Brasil reúne atualmente um total de 5,9 milhões de desalentados – brasileiros aptos para trabalhar mas que desistiram temporariamente de procurar uma vaga.
Desemprego bate recorde no trimestre encerrado em janeiro
Projeções do FMI para a taxa de desemprego no Brasil
- 2021: 14,5 %
- 2022: 13,2%
- 2023: 12,4%
- 2024: 11,5%
- 2025: 10,8%
- 2026: 10%
Crise econômica prolongada contribui para desemprego elevado
O Brasil já estava com uma altíssima taxa de desemprego antes mesmo da chegada da pandemia, a pandemia, bem acima da média da América Latina. Em 2019, o Brasil ficou em 15º lugar no ranking dos países campeões em desemprego, com uma taxa de 11,9% – a pior da região, atrás somente da Costa Rica (12,4%).
O pesquisador do Ibre/FGV lembra que a crise econômica trazida pela pandemia atingiu o Brasil antes mesmo do país ter se recuperado das perdas da recessão anterior, dos anos 2015-2016.
“O desemprego atual no Brasil já era considerado alto, principalmente comparativamente à América Latina e, com a pandemia atingindo fortemente o país, permaneceu entre os maiores do mundo. O problema é cumulativo, pois temos milhões de brasileiros desempregados por um longo período de tempo, causando uma maior dificuldade de se empregarem no futuro”, afirma Duque.
O levantamento da Austin Rating mostra que, diferentemente do Brasil, outros países fortemente abalados pela pandemia em 2020 já deverão apresentar uma queda na taxa de desemprego em 2021, como é o caso da Colômbia (de 16,1% em 2020 para 12,8% em 2021), do Peru (13,6% para 9,7%) e do México (4,4% para 3,6%).
“Nesses países o aumento do desemprego foi pontual, diferente do Brasil, onde tivemos crise em 2016, 2017, com forte recessão, além de baixo crescimento econômico nos últimos anos”, compara Agostini.
Fonte: g1.globo.com