Kumihimo – A arte do trançado japonês com seda, por Domyo

Kumihimo – A arte do trançado japonês com seda, por Domyo

Entre 24 de maio e 28 de agosto, a Japan House São Paulo apresenta gratuitamente a exposição ‘Kumihimo – A arte do trançado japonês com seda, por Domyo’. Inédita no Brasil, a mostra é apresentada por Domyo, tradicional empresa familiar sediada em Tóquio, que há mais de dez gerações produz artesanalmente cordões de seda, feitos à mão por artesãos que trabalham exclusivamente para a companhia.

Na exposição, o visitante pode conhecer a evolução histórica do kumihimo no Japão, entender sobre a construção dos trançados, além de explorar possibilidades futuras para seu uso, tudo isso a partir de três grandes instalações, mais de 30 reproduções de peças de kumihimo históricos, ferramentas utilizadas pelos artesãos e vídeos que contam com recursos de acessibilidade. A mostra faz parte do projeto de itinerância global da Japan House, com passagem por Los Angeles, agora em São Paulo e, na sequência, Londres.

Cordas trançadas

Em japonês, kumihimo significa “cordas trançadas”. O termo é utilizado para se referir a amarrações de três ou mais feixes de fios de seda, formando cordões a partir da sobreposição diagonal desses fios de maneira regular e uniforme. Os resultados podem ser trançados simples, feitos com 3 feixes (conhecidos como “trança francesa”), ou mais complexos, chegando a conter mais de 140 feixes de fios.

No Japão, o kumihimo foi utilizado ao longo dos séculos para diversas funções, como acessórios para vestimentas e ornamentos para armas e armaduras, apresentando uma evolução única. Um dos tipos mais conhecidos pelos japoneses é o utilizado no obijime – o cordão que se amarra por cima da faixa de um quimono tradicional.

História, Estrutura e Futuro do kumihimo

Dividida em três momentos – História, Estrutura e Futuro -, a exposição ocupa todo o segundo andar da Japan House São Paulo, inclusive uma nova sala com 100 m², que está incorporada a este piso a partir desta exposição.

Na parte histórica, o foco está nas origens e evoluções da técnica por meio dos séculos. Já os suportes usados na produção dos cordões, chamados de marudai (utilizado para produzir cordões quadrados) e takadai (suporte alto que permite trançados planos), são apresentados ao público na seção sobre Estrutura – que também exibe as ferramentas usadas nos processos de tingimento, preparação dos fios produção dos cordões. Por último, os visitantes podem conferir as mais recentes estruturas de trançado desenvolvidas pela Domyo, além de peças criadas em colaboração com especialistas de áreas como indústria têxtil e ciência matemática, que apresentam possibilidades de aplicações futuras para a técnica.

Resistência e elasticidade do kumihimo

kumihimo se destaca tanto pela resistência quanto pela elasticidade, determinadas pelos métodos de trançado e amarração, além da variação nos ângulos de orientação das fibras, por isso é possível encontrar estruturas de tubos de carbono semelhantes ao kumihimo em uma série de aplicações industriais, desde tacos de golfe e aeronaves até próteses ortopédicas

Exclusivamente para esta exposição, foi criado um modelo baseado em topologia geométrica em parceria com o Tachi Lab da Universidade de Tóquio.O modelo apresentado é resultado da atividade deste laboratório, onde pesquisadores criam estruturas utilizáveis e materiais celulares com propriedades únicas baseados na geometria do origami, nos sistemas com articulações, na geometria diferencial e assim por diante. Por meio deste trabalho, buscam entender a natureza da forma e da função, por meio da observação e, também, da criação de vários fenômenos. Essa colaboração amplia matematicamente o potencial oferecido pelo kumihimo de criar padrões gráficos, estruturas tridimensionais e sistemas funcionais.

A evolução da arte trançada

Cerâmicas datadas do início do período Jōmon (entre 5 mil e 6 mil anos atrás) já apresentavam padrões decorativos com uma forma primitiva de kumihimo impresso, mas os maiores avanços do kumihimo no Japão ocorreram a partir do período Asuka (592-710). Sua tradição permeia desde ornamentos para armas e armaduras, quimonos e vestimentas para cerimônias, elementos decorativos para santuários e outros objetos religiosos, bem como nas artes cênicas. Hoje, a técnica também vem sendo incorporada à moda contemporânea, como nas criações do estilista japonês Akira Hasegawa (1989).

“Eu trabalho para transmitir, hoje, emoções de cem anos atrás. Sou movido pela beleza estrutural e pela sensação de aconchego encontrada em roupas antigas”,comenta Hasegawa.

A tradição secular presente no Japão de hoje

“Para nós é muito importante poder colocar o público brasileiro em contato com esse bem cultural tão significativo do Japão e apresentar a experiência e os conhecimentos adquiridos pela empresa Domyo desde 1652. Exposições como esta reforçam a missão da Japan House São Paulo de apresentar o Japão de hoje com práticas que podem se perpetuar por séculos. Além de reiterarem nossa aproximação com base também em trançados simbólicos”, comenta Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo.

JHSP Acessível

Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição ‘Kumihimo – A arte do trançado japonês com seda, por Domyo’, ainda conta com recursos de audiodescrição, libras e bancada com elementos táteis.

Acesse o conteúdo acessível

Sobre a Domyo

A instituição Yusoku Kumihimo Domyo, foi fundada em 1652 na cidade de Edo (a Tóquio da Era Moderna), e até hoje mantém uma loja na região de Ikenohata, no bairro de Ueno.

Durante o período Edo, a casa Domyo comercializava cordões, produzidos principalmente para bainhas e empunhaduras de espadas. A partir do período Meiji (1868-1912), ela começou a vender obijime para se amarrar sobre as faixas de quimonos, bem como haorihimo, um cordão utilizado para amarrar a parte frontal do haori, espécie de jaqueta formal utilizada com quimono e que é aberta na parte da frente.

Até hoje todos os produtos da casa são tingidos a mão e trançados por artesãos e artesãs que trabalham exclusivamente para a Domyo. Outro aspecto importante do trabalho da instituição é a pesquisa, a restauração e reprodução do kumihimo histórico, por encomenda tanto do Escritório da Casa do Tesouro Shōsōin da Agência da Casa Imperial, quanto de vários templos, santuários e museus de todo o Japão. Tais atividades produziram uma rica variedade de técnicas e conhecimentos, úteis para fins de pesquisa acadêmica, preservação, disseminação e progresso dessa tecnologia.

Serviço:

Exposição Kumihimo – A arte do trançado japonês com seda, por Domyo
Organização: Yusoku Kumihimo Domyo (Kiichiro Domyo), Mari Hashimoto
#KumihimoNaJHSP #DomyoNaJHSP

Período: de 24 de maio a 28 de agosto de 2022
Custo: entrada gratuita
A exposição conta com Recursos de Acessibilidade.

Reserva online antecipada (opcional): https://agendamento.japanhousesp.com.br

Japan House São Paulo
Endereço: 
Avenida Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo

Horário de funcionamento: 
Terça a sexta-feira, das 10h às 18h
Sábados, das 9h às 19h
Domingos e feriados, das 9h às 18h

A Japan House São Paulo permanece fechada às segundas-feiras, sem exceção, inclusive em feriados.

Fonte: www.japanhousesp.com.br

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