Um olhar para dentro e para fora e clima festivo pós-pandemia são pontos de partida das tendências da Vicunha

Um olhar para dentro e para fora e clima festivo pós-pandemia são pontos de partida das tendências da Vicunha

Certo é que a pandemia transformou hábitos e comportamentos de muitas pessoas ao redor do mundo. Alguns desses movimentos já vinham caminhando lentamente, outros foram criados a partir de novas experiências e exigências impostas pela crise que ainda estamos passando, porém, já com uma luz ao final do túnel, muito mais ampla e repleta de esperança.

Tudo isso, claro, impacta também o mundo da moda e suas diretrizes na criação de produtos, além de novas marcas que caminham lado a lado com os diferentes anseios dos consumidores, cada vez mais exigentes, não somente com o estilo e design, mas também com a responsabilidade social e ambiental por trás de cada peça.

E isso influencia toda a cadeia de moda brasileira, que, com um olhar mais apurado, busca novas soluções sustentáveis e tecnológicas neste novo mundo acelerado, mas que também quer paz e tranquilidade em meio à natureza, valorizando o consumo pelo slowfashion, além de muita ousadia na volta às festas e encontros com amigos.

De olho em todas essas tendências, a Vicunha apresentou em seu V.2 – evento de lançamento para o segundo semestre, os principais direcionamentos criativos, durante a Semana de Lançamentos na Denim City SP – confira aqui.

coolhunter da Vicunha, Lola Botti trouxe as macrotendências dos principais movimentos que influenciam e interpretam os diferentes estilos. Já Bárbara Santana apontou os Insights que traduzem as trends em cores, shapes e lavagens.

O primeiro tema é o Inside Hub que traz esse olhar para dentro, a tendência do “Slowliving”, no caminho de uma vida mais simples e minimalista, pelo equilíbrio, bem-estar e a tranquilidade que o nosso lar pode transmitir. Aqui, a leveza e o aspecto clean mesclam-se à elegância e à procura pela alimentação saudável, com produtos naturais.

Segundo pesquisa do Google, a busca pelo tema “Slowliving” cresceu quatro vezes em 2020, em relação ao ano de 2019. Esse mood é uma extensão do já conhecido “Wellness” que preza os cuidados com a mente e o corpo e que movimentam a indústria de produtos e serviços para esses segmentos.

Good American e Nehera

Traduzindo tudo isso para a roupa em si, temos desde cores revigorantes e com nomes de frutas, como rosa melancia, uva, abacate, laranja, além do azul e mostarda, até cores calmantes e tons pastel que transitam entre o verde, azul e rosa mais claros.

Destaque para peças com detalhes utilitários como parkas e macacões e a evolução do homewear, onde surgem peças inspiradas nos pijamas em tons neutros e suaves com camisas, quimonos e calças larguinhas. O efeito matelassê, florais e jacquard enriquecem ainda mais os conjuntos.

No jeans, a silhueta vem bem definida em looks total denim no mix de bootcut ou relaxed juntamente com tops ou camisas.

A segunda trend ganha o nome de Open Air e traz um mindset relacionado ao externo. Se no primeiro tema olhamos para dentro, aqui vamos explorar a natureza e todas as possibilidades com inspiração em práticas esportivas, sem deixar de lado o conceito sustentável.

A vontade de viajar e descobrir novos lugares é imensa, sempre valorizando a saúde e o bem-estar. Segundo pesquisa do Google e Sport Track, 41% dos entrevistados fazem exercícios ao ar livre e 23% buscam itens esportivos. Dentro desse contexto, cresceu o interesse pelo surf e skate. Já o Pinterest registrou aumento de 50% pelo tema nomadismo.

Lacoste e SHOOP

A preocupação com o meio ambiente também se faz presente na mudança de comportamento dos consumidores, onde 86% das pessoas desejam que o mundo se transforme e seja mais sustentável e equitativo. Já 60% dos jovens querem diminuir os impactos ao meio ambiente na hora da compra, na tentativa de minimizar sua pegada ambiental.

Na moda surgem os termos “Hiking”, que remete às caminhadas, e “Glamping“, uma espécie de acampamento com conforto e luxo, evoluções do “Gorpcore” que busca inspiração nas roupas de trekking e esportes nas montanhas em versões revisitadas, numa mistura da moda utilitária com os esportes de aventura ao ar livre, onde entram looks atemporais, com tecidos tecnológicos, mix do denim e colors e detalhes com puxadores, reguladores, bolsos utilitários, vivos e recortes.

Os novos “Glam Nômades” ganham looks de alfaiataria juntamente com o utilitário em tons terrosos e looks que remetem aos exploradores e viajantes. Destaque para wide leg e o denim que vai do raw até o delavê em diferentes tonalidades e gramaturas de tecidos.

Já o skate já vinha crescendo, principalmente entre as meninas e, depois das Olimpíadas, teve um grande salto. Isso fez com que atletas dessa modalidade realizassem collabs com marcas famosas do sportswear. O surf também entra na pauta de esportes mais procurados e se conecta com o jeanswear como na collab da Billabong e Wrangler.

Aqui, o estilo skatista dos anos 90 e 2000 chamam atenção em shapes como calça baggy com top cropped, além da cargo, denim floral ou com estampa de estrelas, ópticas, cores alegres,  o mix de biquínis e o neoprene.

As mudanças climáticas, a terra árida, a falta de chuvas ou o excesso delas são consequências dos impactos ao meio ambiente que inspiram filmes de ficção científica e, por consequência, a moda em looks futuristas, shapes utilitários, tons neutros como o cáqui e areia e lavagens marcadas com dirty no denim.

O terceiro tema é o Be Icconic, um desdobramento de tendências que foram lançadas pela Vicunha e já fazem sucesso como o Otimismo Radical, Future Nostalgia e Feel Good. Aqui, o foco é a juventude, que atualmente não remete à idade, mas sim ao espírito, em um clima festivo e muitas experimentações em beneficiamentos e design. Esse público se preocupa com um mundo mais justo, onde entram a inclusão, representatividade e liberdade de raças, cor, idade e gênero e a discussão sobre orgulho e empoderamento sobre cada ser que é único.

Dries Van Noten e Rotate

A geração Z é a grande influenciadora desse mood num contexto totalmente digital com suas redes sociais, jogos e experiências virtuais que podem ser consideradas como uma fuga para enfrentar esses momentos de crise.

A moda ganha conceito experimental e híbrido onde entram collabs que mesclam o vintage e o streetwear. A liberdade de expressão é muito importante e a crescente procura pelo tema “bodypositive“, corpos diversos, incluindo o segmento plus size, teve um crescimento de 21% nos últimos três anos.

Além disso, a visibilidade LGBTQIA+ e a procura por assuntos relacionados à comunidade teve aumento pelo grande público. Outro segmento que também vem sendo valorizado é o PCD, pessoas com deficiência, que vem ganhando um olhar especial com roupas funcionais. “O caminho é a conscientização em uma época onde são cada vez mais valorizadas a diversidade, inclusão e representação”, comenta Lola. “É a democratização da moda em roupas diversificadas e funcionais que permitem que pessoas com deficiência se expressem com muito estilo”, conclui.

Outro nicho de mercado importantíssimo e que devemos ficar de olho é o de pessoas com 60 anos ou mais que ganha o conceito de “economia prateada ou economia da longevidade”. Segundo Lola, “é o conjunto de todas as atividades econômicas associadas às necessidades de pessoas com mais de 60 anos e dos produtos e serviços que elas consomem ou um dia irão consumir. Com expectativa de vida mais alta e acesso à tecnologia, os baby boomers têm ganhado cada vez mais visibilidade e protagonismo”. Hoje, no Brasil, há mais idosos do que crianças com até 5 anos de idade e, até 2050, teremos mais de 2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais, segundo a ONU.

Já a extravagância e ousadia são palavras-chave nas produções do streetstyle visto durante as últimas semanas de moda ao redor do mundo, em peças divertidas, cheias de estampas e cores vibrantes. Nosso querido jeanswear pautou-se por combinações inesperadas em looks all denim.

Fique de olho nos conceitos “Boho Y2K” que veio forte nas passarelas mundiais com foco nos anos 2000 e muita pele à mostra em shapes com cintura baixa e pernas mais soltas, tops croppeds e aplicações com florais e strass, borboletas e estampas de lenços. Padronagem que imita o denim surge em tecidos leves ou pesados como couro e sarja.

Já o “Pop Punk Style” vem inspirado nos fenômenos da música pop e punk e no streetwear onde entram saias de colegial, jaquetas com tachas e calças com patchs e estampas. “Night Mood” remete às baladas e festas que voltam a acontecer com muitas peças no preto e mistura de materiais com referências aos clubbers dos anos 90 e começo dos 2000.

Há espaço também para os looks em branco ou off white, a estética industrial futurista e os vazados (cut offs). Em “Design Experience Glam” surgem shapes elegantes, desconstruções e muito glamour. E, por fim, o “Funny” traz novos fits no jeans e com toques de alfaiataria criando novos modelos.

Fonte: Vanessa de Castro

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